Vem em péssimo momento para o segmento de áudio/vídeo especializado a decisão do governo brasileiro de incluir equipamentos eletrônicos na lista de retaliações comerciais aos EUA. A lista que saiu esta semana no Diário Oficial, com um total de 102 itens, vai de medicamentos e frutas a cosméticos e automóveis. Os eletrônicos tiveram suas taxas de importação dobradas (de 20% para 40%, na média), o que deve forçar um aumento dos preços e, por tabela, um estímulo ao contrabando. Pior para quem importa legalmente e paga todos os impostos…

Confesso que não entendo dessas questões relativas ao comércio entre os países, mas será que, digamos, a importação de “óculos de sol” e “tripas de suínos” (só para citar dois outros itens da pauta) é tão significativa assim, a ponto de interferir na balança comercial do País?

Bem, no caso dos eletrônicos entrou na lista quase tudo: TVs, caixas acústicas, players, câmeras, monitores de computador… Estranhei não ter encontrado notebooks, por exemplo, hoje certamente um dos produtos mais procurados. Aliás, a lista cita itens como “monitores com tubo de raios catódicos policromáticos”, numa época em que esses tubos estão sendo rapidamente substituídos pelos de LCD!!! Será que para os LCDs não haverá sobretaxa? Outras esquisitices do texto: “alto-falante único montado no próprio receptáculo” e “alto-falantes múltiplos montados no mesmo receptáculo”. Deus do céu! Quem será que escreve essas coisas?

Mas o que mais deve causar polêmica é a inclusão de copyrights nessa pendência com os EUA. Além das já tradicionalmente controvertidas patentes sobre medicamentos, o governo abriu consulta pública, de 20 dias, para colher subsídios à idéia de derrubar direitos autorais sobre filmes, discos e livros vindos dos EUA. Ou seja, quase tudo! Significa dizer que, se não houver acordo, a pirataria de filmes, por exemplo, fica liberada.

Quem quiser se manifestar nessa consulta pública, é só entrar no site da Camex (Câmara de Comércio Exterior). Será que algum pirata ou contrabandista tem sugestões a dar?

4 thoughts on “Retaliação contra os EUA: hora ruim

  1. Acho ridícula essa política governamental. Faz-me lembrar o período pré-collor, em que os automóveis e a indústria de informática (reserva de mercado) eram absolutamente defazadas, com parque industrial obsoleto. Isso, para dizer o mínimo, desestimula a concorrência, fomenta a pirataria, etc. Opiniões a parte, tenho uma dúvida, que, se pudesse, gostaria de esclarecer: quando começa e quando termina essa sobretaxação? Tens alguma informação ou link para fornecer? Agradeço desde já. Cordial abraço do teu leitor.

  2. Não sei onde esses petralhas querem chegar. Comprar briga com o maior exportador de produtos brasileiros é dar um tiro no próprio pé. Hoje os EUA detem uma parceria comercial com o Brasil e esta parceria rende mais de 30 bilhões de dolares em exportação.
    Soube que o congresso americano já está trabalhando com uma retaliação ainda maior contra o Brasil na ordem de 2 bilhões de dolares, ou seja, o Brasil perderá uma fatia considerável em suas exportações prejudicando empresários locais assim como os trabalhadores.
    Acho que essa guerra anti-americana patrocinada pelos comunistas que regem a administação pública já está indo longe demais.

  3. A Resolução CAMEX No.15 determina que as sobretaxas vigorarão por 365 dias. Isto é mais um absurdo que se comete nesta área de comércio exterior. Além do país ter uma classificação tarifária totalmente retrógrada, datada de mais de 40 anos, ainda teremos de suportar mais esta besteira deste governo. Estamos caminhando celeremente para o totalitarismo de estado! Briga-se pelo produto agrícola algodão e se taxam produtos eletrônicos. Ah, se o Estanislau fosse vivo!!! O “Festival de besteiras que assola o país” estaria aumentado com mais esta excrescência!

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