Como comentei aqui na semana passada, a tecnologia 3D traz consigo uma série de dúvidas que nem mesmo os especialistas conseguem explicar, pelo menos por enquanto. Vamos ter que continuar pesquisando e estudando o assunto ainda por um bom tempo. Uma delas refere-se à necessidade de trocar todo o equipamento. Outra é a questão dos óculos. E também dos cabos. Tem ainda o processamento do sinal, a resolução… Curioso que os fabricantes com quem temos conversado não têm informações precisas sobre a tecnologia; no máximo, falam genericamente sobre os recursos de seus próprios produtos, como se “3D” fosse um mero detalhe. Mas vamos lá, com base nas informações já disponíveis:

Há uma confusão, talvez provocada propositalmente, em relação aos cabos HDMI versão 1.4a. Esta foi especificada há poucas semanas, como comentamos aqui, indicando que seria compatível com serviços interativos e vídeo 3D. Essa meia-explicação pode dar a entender que somente quem tem um cabo desse tipo conseguirá ver imagens tridimensionais, o que não é verdade. O que a versão 1.4a traz de inovação é a compatibilidade com o chamado “canal de retorno”, que futuramente permitirá às emissoras gerar sinal de televisão e também receber sinal de volta dos telespectadores. Mais ou menos como hoje ocorre com a internet: o provedor envia um sinal e o usuário responde, e vice-versa. Outra vantagem dessa versão do HDMI é poder trafegar imagens em resolução 4K (4.096×2.160 pixels), equivalente a mais de quatro vezes a resolução do Blu-ray. Mas esse tipo de imagem ainda não existe comercialmente.

Para a reprodução de imagens 3D, os atuais cabos HDMI 1.3 são perfeitamente compatíveis; aliás, pela nova nomenclatura oficial, esses cabos agora são chamados “High Speed”. Assim como a versão 1.4a, sua capacidade é de 10,2 Gigabits por segundo, o que equivale a aproximadamente o dobro do necessário para acomodar o sinal de um Blu-ray, por exemplo. Para ver um filme Blu-ray em 3D, tanto um quanto outro cabo é suficiente. Diferenças podem surgir na passagem de alguns tipos de sinal 3D. Como bem lembra o amigo e especialista (fabricante de cabos) Cristiano Mazza, não existe apenas um tipo de 3D. Há variações em relação à freqüência de transmissão (medida em Hertz) e à taxa de transferência (bit-rate). Daí a necessidade de os aparelhos (players, TVs, projetores e receivers) terem processadores sofisticados, capazes de fazer a leitura precisa do sinal, decodificá-lo e transportá-lo corretamente até seu destino final: a tela.

Isso nos leva a outra dúvida freqüente: vou ter que trocar meu equipamento? A resposta é: sim. Um TV comum não tem como fazer essa leitura, pois não possui esse tipo de processador. Seria bom que fosse apenas uma questão de atualização do software, mas não é assim que funciona. É preciso levar em conta que o sinal 3D é duplamente mais complexo que um sinal convencional. Não se trata simplesmente de “embaralhar” duas imagens diferentes para produzir o efeito tridimensional. Quando se fala em alta definição, é preciso manipular com precisão cada um dos pixels – no caso, são duas imagens de 1.920×1.080; num cálculo aproximado, algo como 4 milhões de pixels passando em altíssima velocidade pelo processador.

Mal comparando, é como colocar lado a lado dois TVs Full-HD, sendo um de alto padrão e outro produzido com componentes de segunda ou terceira linha (existem vários à venda por aí). Certamente, o processador de vídeo usado no primeiro TV será bem superior ao do segundo, resultando numa imagem de melhor qualidade. Você pode optar pelo modelo mais barato, desde que se conforme com um resultado final inferior.

Em tempo: quanto melhores forem os processadores usados nos demais equipamentos (player, receiver etc.), mais altas as chances de se ter uma imagem de qualidade no final do processo, certo?

Bem, esta é apenas parte da explicação, que – como dá para perceber – é bem complexa. Num dos próximos posts, falaremos dos óculos, das transmissões, games, da conversão de imagens 2D para 3D e tudo mais. Ufa!!!

4 thoughts on “Pesquisando sobre TVs 3D

  1. Muito boa explicação, Barrozo. Como eu já havia comentado antes aqui, eu achava que Receivers e Cabos não precisariam ser trocados. É bom ter essa confirmação. A própria ONKYO respondeu-me diretamente sobre os receivers. E os set-top-box das operadoras de Tv a Cabo ( Net, Sky, etc)para transmissões em 3D? Qual (is) a(s) diferença(s) ( técnicas e práticas) para “levar a imagem para a tela” entre um decodificador de TV a Cabo e um BD player? Tecnicamente como funcionam com “imagens” 3D? Muito obrigado.

  2. Olá Roberto, ainda estamos atrás de informações sobre a TV paga 3D. Assim que tivermos, colocamos aqui. Abs. Orlando

  3. Excelente tirei todas as minhas dúvida atravéz deste blog eu sou aluno de uma escola e precisava fazer uma pesquisa da resolução da 3D e encontre parabéns pelo site mesmo me ajudo a esclarecer tudo.

  4. Ótimo. Obrigado e continue lendo bastante, sempre há o que aprender. Abs. Orlando

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *