Graças a um enorme esforço de marketing , e contando – é claro – com a boa-vontade da comunidade financeira e política internacional, que adora o Brasil, o governo está conseguindo vender o padrão brasileiro de TV Digital (SBTVD) a países periféricos. Sem dúvida, é um trabalho competente e que pode trazer frutos para os fabricantes nacionais, principalmente se for pra valer a promessa de conceder incentivos fiscais à fabricação de conversores. Segundo a Agência Brasil, deve acontecer esta semana um encontro entre André Barbosa, assessor especial da Casa Civil, e técnicos do Ministério do Desenvolvimento, a quem cabe desobstruir os caminhos nesse caso.

Barbosa foi o principal representante brasileiro numa delegação que percorreu recentemente a África para oferecer o SBTVD a países que ainda não se decidiram sobre qual padrão adotar. Três deles ficaram muito interessados: Angola, Moçambique e África do Sul – esta, inclusive, já tinha optado pelo padrão europeu DVB-T, mas anunciou que irá reavaliar a decisão. Ao lado de integrantes do governo japonês, Barbosa reuniu-se com representantes de 15 países africanos que estão em vias de adotar a TV Digital (a transmissão da Copa do Mundo em alta definição está dando o empurrão que faltava).

Evidentemente, nada garante que os africanos escolherão o padrão nipo-brasileiro, pois europeus e americanos também têm seus lobbies. Mas, considerando que os países latinoamericanos alinhados ao presidente Lula (Venezuela, Equador, Argentina e Peru) já fizeram essa opção, está se formando um grande mercado comprador para conversores made in Brazil. A idéia é que os aparelhos sejam produzidos em Manaus, com incentivos, e exportados para África e América Latina.

Tudo muito bonito, não fossem as tradicionais burocracia e incompetência brasileiras para tratar de tecnologia. A proposta de incentivos fiscais foi acenada para os fabricantes instalados em Manaus ainda no ano passado, mas de prático, mesmo, nada aconteceu até agora, como admitiu o próprio Barbosa ao site IDG Now, na semana passada. Agora, o governo argentino anuncia a distribuição de 750 mil conversores entre junho e julho, e mais 450 mil até o fim do ano, diz o jornal El Clarín. Como o mercado argentino não comporta essas quantidades, temos aí um forte concorrente para os fabricantes brasileiros.

Detalhe: a Argentina só inaugurou sua TV Digital no último dia 21 de abril!!! O Brasil começou suas transmissões em dezembro de 2007, e até hoje não tem uma política industrial definida para o setor.

3 thoughts on “TV Digital made in Brazil

  1. É incrível o descompasso e a lerdeza do país em alguns setores.O Brasil desenvolveu um sistema próprio de padrão digital mas não se preocupou em colocar o tal do set up box na casa das pessoas por um preço convincente. Quem comprou as LCD ( que tem seus preços cada dia que passa mais atraentes ) sem conversor quebra a cara quando quer ver transmissões em alta definição.Nem com a proximidade da copa parece que o preço destas malditas caixinhas irão baixar!!! E as TVs a cabo cobram em comodato (isto é voce paga mas não é seu) o conversor preços absurdos!!!
    Pois é terei que assistir a seleção do Dunga toda pixelada!!!!!

  2. Outro absurdo é a implatação dos canais da DTV, que vêm ocorrendo a passos de tartaruga. Na minha cidade, Recife-PE, há somente 2 canais no padrão digital, alêm do que as transmissões dos conteudos são em sua maioria, ou na totalidade em 4:3, pois até agora não vi nenhum programa em 16:9 nativo, ou seja, da fonte! Ainda não vi a venda nenhum televisor com conversor embutido no padrão 4:3!!!
    Pra variar um pouco de Brasil!!
    Vamos vender a televisão digital para o Irã tambêm!!!!

  3. A vontade de fazer um tv digital com qualidade também depende das grandes empresas prestadores deste serviço. Boa parte dos lucros poderiam ser revertidos para essa finalidade.

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