Reportagem da semana passada no IDG Now fala de empresas do setor de tecnologia que implantaram programas de reciclagem de aparelhos usados e aceitam recebê-los de volta. A repórter Daniela Braun conseguiu localizar dez: Dell, Itautec, Philips, Positivo, Motorola, Nokia, Claro, Oi, Tim e Vivo. Sabe-se ainda de um trabalho organizado pela ONG Comitê para Democratização da Informática, que recolhe doações de computadores usados para reaproveitamento em comunidades carentes. E a USP mantém, desde o início do ano, o CEDIR (Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática), iniciativa do seu Centro de Computação Eletrônica.
Entre os fabricantes de TVs, a Philips é a que parece mais avançada nesse campo, seguindo inclusive uma diretriz mundial. Mas é muito pouco, certo? Não sei se há outros projetos do gênero sendo desenvolvidos no País, mas se houver devem ser restritos e muito mal divulgados. Pior: não se ouve uma palavra governamental a respeito. Tempos atrás, ao ser questionado por um jornalista sobre ações do governo federal nessa área, um assessor do presidente Lula saiu-se com esta: “Lixo eletrônico? Isso é coisa do países desenvolvidos. Foram eles que poluíram, agora eles que resolvam. O Brasil ainda pode poluir muito”.
É essa a filosofia reinante, apesar de toda a fanfarronice do ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Enquanto isso, recebo a toda hora informes das associações de fabricantes de eletrônicos dos EUA (Consumer Electronics Association) e do Japão (Japan Electronics & Information Technology Industry Association) sobre programas de proteção ambiental, reciclagem e sustentabilidade. Em ambos os casos, com coordenação das autoridades (vejam o site da EPA – Environmental Protection Agency, dos EUA). Replico aqui alguns desses boletins, com ações recentes promovidas nos dois países:
*O ANSI (equivalente americano da nossa ABNT) anunciou que irá certificar empresas que demonstrarem boas práticas de reciclagem.
*A rede de lojas BestBuy, especializada em eletrônicos, começou a recolher em fevereiro aparelhos usados trazidos por seus clientes; os produtos são encaminhados para reciclagem.
*Em abril, a EPA promoveu a “semana de reciclagem de celulares”.
*Em novembro, a EPA concedeu um prêmio à empresa MRM (Manufacturers Recycling Management), joint-venture entre Sharp, Panasonic e Toshiba, que atingiu a marca de 3 milhões de televisores reciclados.
Mais ainda: os sites de quase todos os grandes fabricantes de eletrônicos detalham os esforços das empresas na área de sustentabilidade. Alguns desses programas:
— Toshiba Social Responsibility
— Samsung Eco-Partner Certification
E no Brasil, há casos semelhantes? Se houver, gostaríamos de saber e divulgar. A partir de agora, nossa equipe vai estar mais atenta ao assunto, que interessa a todo mundo. Ou não?