Estou começando a gostar do novo ministro das Comunicações, Paulo Bernardo. Pelo menos, parece ser sincero e – na comparação com seus antecessores – diz coisa com coisa. Em entrevista à Folha de São Paulo de hoje, ele não foge da questão crucial para quem ocupa o cargo: a concessão de emissoras de rádio e televisão a políticos. “É o Congresso que autoriza. Então, me parece claro que o congressista não pode ter concessão, para não legislar em causa própria. Os políticos já têm espaço garantido na televisão, nos programas eleitorais”. Simples como 2 + 2 = 4, não?

Claro, o próprio ministro reconhece que é praticamente impossível mudar isso, porque depende de uma votação do próprio Congresso. Mas deixa uma porta aberta: “A Constituição diz que políticos não devem ser donos de radiodifusão”. O problema é que, como vários itens constitucionais, esse é um que não foi regulamentado, evidentemente porque não interessa aos políticos. É bom lembrar que entre eles incluem-se figuras como Sarney, Jader Barbalho, Collor, ACM e por aí vai. Bernardo promete lutar pelo marco regulatório das telecomunicações, o que já é um avanço em relação ao que acontece no País desde que a televisão foi inventada.

Posso estar sendo ingenuo, mas acredito na sinceridade do ministro. Mas esse tipo de mudança só sai com muita – mas muita mesmo – pressão da sociedade. Vamos começar já!

Em tempo: a maior parte da entrevista pode ser lida aqui.

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