Ao lançar o tal plano “Brasil Maior”, o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, disse que a presidente Dilma ordenou “tolerância zero” contra as fraudes nas importações. Com aquela expressão de dona de bordel, típica de quem finge que está falando sério, Pimentel prometeu criar uma espécie de polícia especial – formada com agentes da PF e da Receita Federal – para acabar “com todo tipo de importação fraudulenta, com todo tipo de pirataria etc. etc. etc.”

Naquele momento, a imprensa não registrou nenhuma gargalhada na plateia – talvez não estivessem prestando atenção à fala cerimonial do ministro. Mas o fato (lamentável) que o episódio confirma é que o atual governo vai ficando cada vez mais parecido com o anterior; mudaram apenas algumas moscas em volta do lixo que se acumula. Se quisesse mesmo acabar com fraudes, a primeira providência do governo seria intervir nas contas da CBF, das federações e clubes de futebol e nos contratos que estão sendo celebrados por todo o país em função da Copa do Mundo. Se a intenção de acabar com a pirataria fosse a sério, há tempos já teriam fechado a “feira da muamba”, que funciona a poucos quilômetros do Palácio do Planalto, e onde – dizem – até ministros e suas famílias fazem compras.

Seria útil que Dilma e Pimentel explicassem o que pretendem fazer, por exemplo, com a Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, onde diariamente milhares de “importadores” ganham o seu sustento. Por acaso a tal “polícia especial” vai bloquear o tráfego ali? E o que dizer das relações comerciais com a China, tão alardeadas nos últimos tempos? Será que vem aí uma medida provisória proibindo a entrada de produtos chineses no país?

Diante de declarações como essa, só se pode mesmo reclamar “tolerância zero” para a hipocrisia e a cara-de-pau?

2 thoughts on “Tolerância (quase) zero

  1. Orlando, parabéns!
    O que podemos esperar dos nossos políticos? Cada reportagem que escrevemos, lemos ou assistimos, só nos envergonham.
    O dinheiro deveria ser um elemento de troca justa, diante da ambição, torna-se um elemento de troca injusta, mas injusto não é o dinheiro e sim as pessoas ambiciosas.
    Um pessoa que vive em média 73 anos, precisa se conscientizar que praticando corrupção, não vai aumentar a sua expectativa de vida, mas com certeza, muitas vidas deixaram de existir. Abs. Dinaldo

  2. Orlando, concordo com você em gênero, número e grau. O governo acha que somos todos idiotas e vive querendo tapar o sol com a peneira. Que o governo seja sério, que dê o exemplo em casa e. só depois, diga aos demais como agir. Com esta bandalheira e corrupção desenfreada que campeia no meio político e nos ministérios, qualquer palavra que venha deste governo com relação a fraudes nas importações só pode ser piada de mau gosto!

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