Em meio a toda a discussão sobre banda larga e TV paga nos últimos meses, um detalhe que passou quase despercebido (talvez por parecer banal) é como são e serão feitas as ligações. Basta andar por qualquer rua ou avenida, especialmente nas grandes cidades, para ver o estado dos postes, por onde obrigatoriamente têm que passar os cabos de conexão. A foto ao lado foi tirada em Salvador (Fonte: Blog do Rio Vermelho), mas poderia ser em qualquer outro local do país. Se com a quantidade atual de serviços o problema já é grave, o que irá acontecer com a expansão das redes?

Segundo o site Convergência Digital, as duas agências reguladoras envolvidas – Anatel e Aneel – começaram a discutir o que fazer. O problema é que, no ritmo em que trabalham habitualmente esses órgãos, talvez tenhamos uma solução daqui a uns dez anos… A rigor, nunca houve no Brasil uma política séria a respeito. Postes e mais postes vão sendo instalados à medida que surgem novos projetos imobiliários, ou mesmo ajuntamentos irregulares que as prefeituras, por puro comodismo, acabam maqueando. No caso das ligações elétricas, isso implica terríveis riscos para os moradores; em muitos bairros, são estes próprios que se encarregam de aprofundar o caos, criando seus “gatos” e gambiarras as mais diversas.

Com o crescimento das redes telefônicas e, mais recentemente, a popularização da TV a cabo, é evidente que o problema só se agrava. Um detalhe que poucos sabem é que os postes são propriedade das concessionárias de energia, que podem ou não permitir seu uso para outros tipos de ligação. Geralmente, isso é feito mediante acordo entre as operadoras que atuam no local (elétricas, teles e de TV). A proprietária do poste pode cobrar uma taxa das demais. No entanto, as ligações raramente são fiscalizadas pelo órgão responsável, que seria (presume-se) a agência reguladora. Mas qual delas? E o que acontece quando é preciso fazer manutenção? Ou no caso de um raio que afeta os cabos? Como costuma acontecer no Brasil, os órgãos públicos em geral se omitem: fazem o reparo imediato, e deixam a solução do problema para Deus sabe quando…

Para complicar ainda mais, não há padronização nas ligações e usam-se fios de todo tipo, tornando as instalações, além de perigosas, visualmente horríveis. O problema seria menos grave se as ligações fossem subterrâneas. Não veríamos os fios emaranhados… Mas quem garante que haveria controle técnico e fiscalização?

Enfim, com o perdão dos trocadilhos, eis aí uma questão absolutamente enrolada. E que não nos deixa nem um fio de esperança.

5 thoughts on “Conexões esbarram nos postes

  1. Uma maneira de estigüir esse emaranhado de fios, é estimular a internet via rádio, ou telefone ou até mesmo 3G do tipo que temos nos celulares. O sistema de modem via USB acabaria com tudo isso.

  2. Guilherme,

    O problema é que o espectro é limitado e, por isso, não é possível substituir tudo por conexões wireless. E a tendência é piorar, com a oferta cada vez maior de serviços sem fio. Otimização e adoção maciça de fibra ótica e adoção de redes IP resolver bom parte do problema, mas há um custo altíssimo a ser pago. As concessionárias, para atender as metas da Anatel após a privatização, fizeram de tudo para instalar telefones rapidamente – sem critérios técnicos e com equipes terceirizadas muito mal treinadas.

    Abs

    Julio

  3. O mais legal dessa gambiarrada toda é que as empresas via marketada ostentam normas ISO não sei das quantas e outras mais. Mas basta olhar em volta e ver a porcaria do serviço que executam e prestam. E tem mais, as torres de telefonia móvel é um exemplo da burrice gerencial, cada operadora tem a sua, ao invés de uma só para abrigar os equipamentos de todas em lugar estratégico. Com isto aumentaria a abragência e os custos seriam bastante reduzidos. Mas isso é pedir muito do mundinho corporativo e suas vaidades idiotas.

  4. Wallace,

    Isso mesmo… acompanho aqui na empresa e em várias outras estes processos de “qualidade”. Qualidade que só se vê no papel, que, aliás, aceita tudo… ISO para inglês ver é o que mais temos e o processo começa a ficar desacreditado como na China, onde todo mundo tem ISO. Essas operadoras não vêem ou não querem ver o que os “técnicos” fazem na rua. E como tem a Anatel no bolso, nada vai mudar, pelo menos por agora.

  5. Este problema das operadoras de telefonia é caso de polícia, desgoverno e justiça manca mas, como no Brasil não temos nenhum dos três em funcionamento, fica tudo uma baderna geral. Moro em Belo Horizonte em uma rua central da região conhecida como Savassi, onde não existem fios nos postes, somente utilizados para iluminação. Toda a fiação é subterrânea. Por incrível que pareça, a GVT, operadora de telefonia e banda larga só instala sua rede (aérea) em postes. Assim, após uma luta em todos os frontes junto à operadora, durante 04 anos, para instalar sua rede atravéz de dutos subterrâneos em minha rua, acabei desistindo. A GVT se recusa a instalar seus cabos em dutos subterrâneos porque diz que não é econômico, não tem viabilidade em termos de custo x benefício. Assim, ficamos sem os benefícios da banda larga de alta velocidade por uma simples visão míope empresarial. Como me recuso a utilizar os serviços da Oi e da Net, por motivos óbvios, fico apenas com minha conexão 3G caríssima e de baixíssima velocidade e qualidade. Espero que algum pretenso santo empresarial seja canonizado para colocar o 4G ou o Wi-Max aqui na minha região. Só assim nos, da região, nos livraremos dos fios e da má vontade destas operadoras e das agências de descontrole oficiais! Cidadania, no Brasil, é um item em extinção!

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