De repente, parece que um tsunami está atingindo os canais de TV por assinatura. Além das mudanças provocadas pela nova Lei do SeAC, que já comentamos aqui, a fonte de instabilidade atende pelo nome de Fox Sports. Esse é o canal esportivo do grupo Fox, pertencente à News Corp, do polêmico magnata Ruport Murdoch, que decidiu investir pesado no mercado brasileiro. Esportes, é claro, são um conteúdo altamente relevante aqui, onde dois canais – SporTV e ESPN – vêm nadando de braçada há anos.

Segundo o bem informadíssimo site Tela Viva, o Fox Sports entrou com todo apetite no mercado, estipulando preços altíssimos para distribuir seu sinal às principais operadoras. André Mermelstein, jornalista da área, fez as contas. A Fox estaria cobrando cerca de R$ 1,50 ao mês por assinante, na negociação com Net, Sky e Via Embratel, as três maiores operadoras, o que lhe renderia uns R$ 12 milhões mensais (fora o que pode ser obtido junto às demais empresas do setor). Seria uma negociação comum, não fosse a pressão que a Fox vem exercendo nos bastidores: além de roubar alguns profissionais dos concorrentes, criou uma corrente virtual através das redes sociais, especialmente Twitter e Facebook, comandada pelos seus próprios apresentadores. Estes a toda hora espalham mensagens incitando os internautas a pressionar suas operadoras para incluírem o canal em suas grades. Uma tática extremamente agressiva, que está irritando o mercado.

Dona dos direitos da Copa Libertadores da América para TV fechada, a Fox Sports joga com o tempo a seu favor: na semana que vem, estreiam na competição Corinthians, Flamengo e Santos, e por enquanto só há certeza de que os jogos serão transmitidos pela TV Globo. As operadoras querem definir logo o negócio, para incluir o canal em seus pacotes premium, de valor mais alto, aproveitando o interesse por essa competição.

Mas não é só isso. Comenta-se no mercado que a Fox já tirou da ESPN e do SporTV os direitos para os campeonatos inglês e italiano, campeões de audiência, o que, a ser confirmado, significaria um terremoto em ambas. E Keila Jimenez, colunista da Folha de São Paulo, diz que a Fox já entrou em atrito também com a própria Globo. Embora esta tenha os direitos da Libertadores para 2012, a Fox é quem os terá a partir do ano que vem; e, por isso, já corteja a Record para provocar a emissora do Jardim Botânico.

Isso sim é que se pode chamar “estratégia de guerrilha.”

9 thoughts on “Agito nos canais pagos

  1. Orlando, parece-me óbvio que, neste episódio, como em tantos outros, o consumidor só tem a PERDER. A conta é simples, explico: se, como diz o texto, a “Fox Sports entrou com todo apetite no mercado, estipulando preços altíssimos para distribuir seu sinal às principais operadoras”, e, seguindo-se este raciocínio, as operadoras acabarem (como parece evidente que vai acontecer) pagando para a Fox Sports os tais “preços altíssimos”, quem vai pagar a conta somos nós, os consumidores da TV paga. Parece absolutamente cristalino que, nesta pugna entre canal e operadores, que perde, outra vez, é o consumidor, ao qual evidentemente serão repassados os custos, como sempre ocorre no Brasil. Estou mentindo? Abraço.

  2. Em relação aos preços não sei se concordo com o Raul. As operadoras não poderiam repassar nada aos assinantes atuais e há limites para reajuste de preço no futuro. Concorrência acaba sendo benéfica, se não por forçar os preços pra baixo (o que não parece ser o caso aqui), por distribuir melhor o poder da mídia.

    Eu espero muito que esse canal acabe entrando apenas nos pacotes Premium, não tenho interesse algum em pagar por mais um canal de esportes que não assisto (junto com a pacotada de canais infantis). Pior ainda se o canal for SD, quando o SD vai morrer na TV paga?!

  3. Fernando, há inúmeras maneiras dissimuladas de fazer isso. Basta, por exemplo, criar “novos” pacotes. Todo ano a Sky, operadora que assino, faz isso. “Alterando/renovando” seus pacotes anualmente, basta “criar” um “novo” pacote e pronto: está justificado o “reposicionamento” dos valores (como eles gostam desses eufemismos!!). O reajuste é anual, mas, se eu quiser o “Fox Sports” ano que vem, terei de optar por um “novo” pacote, nesses moldes. Infelizmente, verás que vai ser assim, pode apostar (torcendo para que estejas certo e que EU “morda a língua”). Abraço a todos.

  4. Enquanto a Via decepciona, o jeito ver na globo, mas se bem que andei vendo em alguns sites que o canal ta na grade de testes, se entrar acabou a globo. (sera que nos os assinantes normais podemos visualizar esses testes?)

  5. O livre mercado tem dessas coisas. Temos, no entanto, a Globo transmitindo em sinal aberto e ainda a possibilidade de assistir pela internet. Ou a simples escolha de não assistir, o que forçaria o pessoal a não vender mais a transmissão do esporte com exclusividade.

  6. Raul Neto, você disse: “e, nesta pugna entre canal e operadores, que perde, outra vez, é o consumidor, ao qual evidentemente serão repassados os custos, como sempre ocorre no Brasil. Estou mentindo?”

    Não, não está. Mas em qualquer lugar e em qualquer negócio do mundo se os custos operacionais aumentam, estes são repassados para a ponta oposta, até um certo limite. Isso se chama mercado, e até hoje a melhor invenção que já fizeram para diminuir os custos.

  7. Pessoal, tudo muito bom, tudo muito bem. O que acontece é que, em termos de esportes, a Globosat em coluio ( este é o termo correto) com as operadoras, fazem o que querem. Qualidade de imagem péssima no PFC e se você reclama com quem vendeu o pacote ( operadora) eles dizem que não têm nada com isso e que o problema é da programadora (Globosat) que distribui com tal resolução. Você é obrigado a ouvir os narradores e comentaristas de baixíssima qualidade do SporTV e a culpa, outra vez, é da programadora. Ninguém nos defende. Nem Anatel, nem a mídia especializada ( não é mesmo, Sr Barroso?), ou seja: sempre nós pagamos e ninguém nos defende.

  8. Eu concordo com o Caio quanto a simplesmente não assistirmos o campeonato. Se não tem assinante, não tem receita e o acordo será desfeito ou renegociado para que os preços baixem. O problema é que quem tem $$$ não se importa em pagar o (altíssimo) preço cobrado pelas operadores nos pacotes ditos premium. E isto ocorre em todo segmento.

    Dia destes, conversando com um primo sobre o absurdo dos preços dos automóveis no Brasil e da idéia de boicotar a compra dos zero para tentar fazer baixar o preço, ele mandou sem pestanejar: “Meu, se eu tenho o dinheiro pra comprar o carrão que quero, tô pouco me f…. pro pobretão que tá fazendo campanha!”. Tive que engolir, não tive mais argumento… rs.

    Como dizem por aí, não é o preço das coisas, mas o quanto eu estou ganhando de salário, kkkk

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