Comentamos aqui anteontem sobre sistemas de vídeo HD sem fio, uma tecnologia ainda em desenvolvimento, e vejam que interessante: um estudo da consultoria americana Pike Research mostra o potencial de mercado para sistemas de transmissão de energia também sem fio. A empresa ouviu vários fabricantes e especialistas, concluindo que a popularização dos dispositivos móveis irá naturalmente estimular o uso de novos tipos de carregador de energia. Sem fio, naturalmente. Pensando bem, faz todo sentido.
Diz o excelente site GigaOm que a tendência pode ser reforçada pelos novos lançamentos da Apple. No ano passado, a empresa da maçã entrou com pedido de patente para um sistema de carregamento à base de energia magnética, que permitiria, por exemplo, um computador Mac enviar energia a um iPhone ou iPod pelo ar, sem necessidade de qualquer conexão entre eles (vejam a íntegra do pedido). E, na semana passada, foram aprovadas 26 novas patentes da Apple, entre elas uma que trata de uma dock-station para carregamento por indução, apontando na mesma linha.
De fato, se Apple lançar algo do gênero, é grande a chance de toda a indústria caminhar para isso – embora, é claro, deva-se ressaltar que essa é uma tecnologia ainda não devidamente testada. Há especulações de que a novidade viria já na próxima versão do iPhone, prevista para o final deste ano. Mesmo que isso não ocorra, porém, o levantamento da Pike Research comprova que o segmento chamado wireless charging tem grande potencial. Somente o setor de comunicação móvel seria responsável por 37% da demanda por esse tipo de solução, que pode ainda ser usada em aplicações médicas e militares, entre outras.
Alguns aparelhos portáteis já vêm utilizando carregamento sem fio, tecnicamente denominado “indutivo”, caso do novo smartphone Galaxy S III, da Samsung, e do notebook Latitude Z, da Dell. Mas, nesses casos, utiliza-se um “kit de carga”, composto de placa magnética sobre a qual o aparelho deve ser colocado (como na foto acima). O sistema proposto pela Apple, e considerado com maior futuro comercial, não exige contato físico. A fonte de energia pode simplesmente ficar sobre a mesa de trabalho, a cerca de 10 ou 15cm do smartphone, tablet ou notebook. Mais fácil, impossível.
A esta altura, mesmo quem não é fã da Apple deve torcer para que a empresa saia na frente, com seu alto poder de marketing. Ou então que um concorrente consiga atropelar na chegada. Só para variar, há no mercado a suspeita de que a introdução do carregamento sem fio seja retardada devido a uma disputa entre duas entidades que atuam no setor: o Wireless Power Consortium, criado em 2008, e a recém-fundada Alliance for Wireless Power (A4WP), que defendem soluções tecnicamente diferentes. Não seria a primeira disputa do gênero, como se sabe.
Para o consumidor, esse tipo de briga nunca é interessante. Melhor que alguém apareça logo com uma solução confiável, e de preço acessível, depois adotada pelos demais.