Quase dezessete anos depois do lançamento da revista HOME THEATER (que desde 2008 é HOME THEATER & CASA DIGITAL), continuamos aprendendo. Ainda bem! “Tudo que sei é que nada sei”, já dizia o poeta. Agora mesmo, acabo de ver no YouTube uma série de vídeos produzidos pela THX sob o tema “como montar um home theater”. A THX, não sei se todo mundo sabe, foi a empresa que criou um respeitado procedimento para ajustes de áudio, primeiro visando as salas de cinema (ainda nos anos 1970), depois os ambientes residenciais. Foi fundada pelo cineasta George Lucas, cuja história conto em meu livro “Os Visionários“. No ano passado, Lucas vendeu à Disney sua empresa Lucasfilm – dizem, por US$ 4 bilhões – mas manteve o controle sobre a THX.
Os vídeos são didáticos, com apresentação de John Dahl, diretor de treinamento da THX, que tive o prazer de conhecer pessoalmente anos atrás. Dão até a impressão de que tudo é muito fácil. A ideia foi usar uma sala de verdade, numa casa onde residem um casal e seus dois filhos pequenos, como “modelo” para um projeto de home theater. Em capítulos, Dahl vai explicando os desafios do local, por que foram escolhidos cada um dos aparelhos e como foram instalados. Gostei da sua conclusão: “O mais importante de tudo são os assentos.” Para ele, que dirige uma equipe com centenas de pessoas, a maioria dos consumidores parte logo para comprar os equipamentos, sem analisar as condições do espaço disponível. “Deveria ser exatamente o contrário: os aparelhos é que têm de ser adaptados à sala.”
Nos últimos anos, a THX desenvolveu também metodologias para ajustes de vídeo em ambientes residenciais e comerciais, para som automotivo, auditórios, estúdios etc. E, assim como já tinha feito com áudio, criou selos de certificação que são vendidos aos fabricantes de equipamentos e aos donos de espaços comerciais. Há quem não confie muito nesses selos, mas o fato é que todo aparelho certificado THX é mais valorizado. Segundo o site da revista americana Electronic House, a empresa oferece treinamento continuado a centenas de profissionais, entre instaladores, projetistas e designers acústicos, que podem então ostentar esse aprendizado em seus currículos.
É um trabalho que deixa Dahl e sua equipe orgulhosos. “Estamos salvando o planeta de usar áudio e vídeo de má qualidade”, diz ele. Bem, depois de ver os vídeos a única recomendação que posso dar aos leitores/consumidores é: não tentem fazer aquilo em casa, chamem um profissional.