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Nesta quinta-feira, o governo da Coreia do Sul deu início às obras para implantação de 12 mil hot spots espalhados pelo país. O projeto deve levar quatro anos – hoje, há 2 mil deles, a maioria (53%) na região metropolitana de Seul. O mais espantoso é que todas essas conexões são gratuitas. E o presidente Park Geun-hye determinou que assim seja para toda a população até 2017.

Segundo o site Telecom Asia, será dada prioridade a centros comunitários e de atendimento a pessoas carentes, além de hospitais, ambulatórios, bibliotecas públicas, museus e delegacias de polícia. Também terão preferência as regiões mais afastadas e as mais pobres. Haverá ainda 4 mil hot spots particulares, construídos pelas três maiores operadoras coreanas, onde as conexões serão pagas.

Claro, é de dar inveja. Deve-se considerar que a Coreia tem o tamanho de um estado como Santa Catarina, e que lá convivem cerca de 50 milhões de pessoas. A densidade populacional, uma das mais altas do mundo, contribui para o compartilhamento das redes. Mas a questão não é essa. Todo mundo sabe que o principal fator de crescimento do país nos últimos 40 anos foi o investimento em educação de base, receita que hoje países como China, Austrália e Chile tentam copiar. Não fosse a visão de seus dirigentes após a Guerra da Coreia, que nos anos 50 dividiu o país em dois, deixando ambos arrasados, hoje os sul-coreanos não poderiam se dar ao luxo de falar ao telefone (celular) até mais do que os japoneses…

Aqui, um depoimento pessoal. Quando estive na Coreia, em 1997, época em que celular no Brasil ainda era só para alguns privilegiados, percorri o país de alto a baixo, de ônibus, junto com um grupo de jornalistas latinoamericanos, a convite da LG. Fiquei espantado certa vez quando um executivo da empresa nos apresentou um celular minúsculo, pedindo que ligássemos dali mesmo para nossas casas. Cada um de nós fez a sua ligação. Todos conseguimos completar as chamadas na hora e ouvir as vozes de nossos familiares, claras e nítidas como se estivessem ao nosso lado. Isso com o ônibus em movimento, em pleno interior do país.

Mais de quinze anos depois, eles partem para as conexões gratuitas e democraticamente distribuídas a toda a população. Enquanto nós, aqui, pagamos uma fortuna para conseguir (às vezes) falar dentro de uma mesma cidade. Mas o mais revoltante nessa notícia é o detalhe, perdido no meio do site asiático, de que  o presidente Park, com esse projeto, está simplesmente cumprindo uma promessa de campanha. Igualzinho aos políticos brasileiros.

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