Quando a fase é ruim, até as boas notícias ficam em segundo plano. Há duas semanas, a Sony Corporation divulgou sua mais atualizada previsão para o ano fiscal que se encerra em março, com um dado otimista – depois de anos, a divisão de TVs terá lucro (detalhes aqui). No entanto, parece difícil reverter o estrago causado pelo filme The Interview, e a decisão da Sony Pictures de cancelar o lançamento, criticada até pelo presidente Obama.
A notícia de hoje (terça-feira) é que o estúdio voltou atrás e irá mesmo exibir o filme, nos EUA, no próximo fim de semana. Claro, depois de toda a polêmica “todo mundo” está querendo ver se a produção justifica o estardalhaço. Para quem não tem acompanhado, trata-se de uma comédia sobre um suposto plano da CIA para assassinar o ditador da Coreia do Norte. Ao anunciar o lançamento, a Sony viu seus computadores serem atacados por hackers, com ameaças que incluíam atentados nos cinemas onde o filme fosse exibido. Quase todas as redes de cinema americanas desistiram do lançamento, levando o estúdio a cancelar tudo.
Segundo a CIA, os hackers atuaram a serviço do governo norte-coreano, que por sua vez desmentiu a conexão. Obama acusou o país de apoiar o terrorismo, e pronto: o filme ganhou muito mais manchetes e espaço nas mídias do que seus produtores jamais imaginaram. Há até quem suspeite que tudo não passou de uma armação promocional, e não dá para duvidar disso. Só falta agora o filme ser um campeão de bilheteria.
Porém, a Sony Pictures – e por extensão a marca Sony – saem irremediavelmente afetadas. O custo para eliminar os efeitos do episódio com certeza será maior do que qualquer superprodução hollywoodiana. E deve anular os mirrados lucros obtidos com a venda de TVs.