Por unanimidade, o Conselho Diretor da Anatel decidiu ontem destinar uma boa parte do espectro de frequências de 6GHz para as novas redes Wi-Fi 6 – mais precisamente, a faixa entre 5,925 e 7,125GHz. E o que isso tem a ver com o consumidor? Muito. As atuais redes Wi-Fi, nas faixas de 2.4 e 5GHz, estão saturadas pelo uso dos smartphones e a crescente demanda pelos serviços de streaming. Em 6GHz, o sinal flui mais rápido e estável.
A decisão da Anatel causou (e causará) polêmica porque as operadoras de telecom pretendiam explorar comercialmente a faixa de 6GHz, deixando apenas uma “migalha” para o Wi-Fi, que não pode ser cobrado. As pressões sobre os conselheiros da Agência vinham sendo fortes, mas eles acabaram acatando o que a maioria dos países está fazendo. Tiveram o apoio das empresas de internet (incluindo Google, Facebook e demais gigantes), pequenas operadoras de TV paga e provedores de rede.
Com a chegada das redes 5G, a comunicação aberta já ganhará grande impulso, compondo um gigantesco mercado para as teles. Mas, de que adiantará ter altas velocidades nas ruas se, dentro das casas e empresas, o Wi-Fi continuar lento e travado? É esse, grosso modo, o raciocínio dos especialistas em países como EUA, Canadá, México, Coréia do Sul e a maior parte da União Europeia. Pelo menos nesse ponto, o Brasil está em boa companhia.
Wi-Fi 6, como explicamos aqui, significa redes residenciais e empresariais mais seguras e eficientes. Combinada com as conexões 5G, essa tecnologia irá viabilizar a Internet das Coisas e uma infinidade de serviços, que vão da indústria à agricultura, da medicina ao controle do trânsito (vejam mais detalhes aqui).
Com a popularização dos smartphones, a demanda por Wi-Fi só vem aumentando: 48% do tráfego via dispositivos móveis hoje no Brasil utiliza redes Wi-Fi, percentual que deve crescer para 54% até 2022, segundo Emanuel Campelo, conselheiro da Anatel que relatou a decisão anunciada nesta 5a (abre-se agora consulta pública de 45 dias para colher sugestões dos usuários).
Pena que as disputas políticas atrapalhem a chegada dessas inovações, condenando o país ao eterno atraso.