Neste sábado 25/06, completaram-se 25 anos da morte de Jacques Cousteau, um dos mais atuantes e criativos pesquisadores da História. Lembro de, quando criança, assistir embevecido ao seriado semanal O Mundo de Jacques Cousteau, na TV preto & branco, e mais tarde ver boa parte deles em cores deslumbrantes na caixa A Odisseia de Jacques Cousteau, lançada em DVD.

O francês Cousteau foi um gênio do seu tempo, com um currículo de fazer inveja a muito Prêmio Nobel. Tendo estudado oceanografia na Escola Naval de Paris, trocou a carreira militar pela de “aventureiro dos mares”, como o chamava a imprensa da época. E conseguiu unir a paixão pelos oceanos ao talento cinematográfico, produzindo os primeiros documentários do gênero.

De quebra, Cousteau também foi excepcional inventor, construindo equipamentos de mergulho e de filmagem subaquática que são os “pais” de tudo que se utiliza hoje nas duas áreas. Não estava brincando quando disse, 40 anos atrás: “A guerra do futuro será entre os que defendem a natureza e os que a destroem. E a Amazonia vai ficar no olho do furacão”.

E, se há alguém atualmente que se poderia considerar “herdeiro” de Cousteau, esse alguém é o inglês David Attenborough. Irmão do grande ator e cineasta Richard Attenborough (Jurassic Park, Gandhi, Um Grito de Liberdade), Sir David continua ativíssimo em seus 96 anos recém-completados.

Talvez você não tenha notado, mas o nome dele está nos créditos da maioria dos documentários sobre a natureza exibidos nos serviços de streaming. Nosso Planeta (2019) é apenas o mais recente e conhecido. Realizado pela Netflix em parceria com duas produtoras britânicas, seus oito episódios são uma consolidação de tudo que já foi feito em matéria de filmagem da natureza – e com um preciosismo técnico de encher os olhos.

 

 

Attenborough começou nisso muito cedo. Como Cousteau, estudou ciências naturais (em Cambridge) e depois antropologia, antes de ser contratado como roteirista e produtor da BBC, em 1950. Ali, teve início a mais incrível sequência de documentários já produzidos sobre ciência e natureza.

Vários deles o caro leitor deve ter assistido por aí, seja nas TVs educativas, algum Globo Repórter da vida, YouTube, Discovery, NatGeo etc. Como se sabe, a BBC é há décadas a mais importante emissora do mundo, e o gênero documentário é um de seus carros-chefe. Attenborough assinou e/ou apresentou títulos como Mundo Natural (2000-07), Planeta Azul (2001), Planeta Terra (2006), Planeta Gelado (2011), Africa (2013), A Grande Barreira de Corais (2015-16) e inúmeros outros. Sua filmografia no IMDB registra mais de 300 produções.

Graças a ele, entre outros, a safra atual de documentários do gênero esbanja tecnologia utilizando câmeras 4K de altíssima sensibilidade, iluminação especial para não assustar os animais, incríveis recursos de filmagem no escuro, captação de áudio ao vivo (até mesmo embaixo d’água) e, sim, muita computação gráfica. Em A Terra à Noite (abaixo), série da Netflix em 6 episódios, as técnicas de gravação noturna são exploradas com uma riqueza ao mesmo tempo atraente e aterradora.

Produtores e suas equipes parecem estar aperfeiçoando a arte de registrar, por exemplo, o fenômeno do acasalamento, que assume formas – e até coreografias – distintas de cada espécie. A Vida em Cores, de Attenborough, permite conferir via microcâmeras como é esse momento na vida de tarântulas, sapos, leões marinhos e algumas espécies de peixes e pássaros; estes últimos conseguem mudar as cores da plumagem em questão de segundos!

 

 

Outro achado de Attenborough, certamente herdado de Cousteau, é a defesa incansável da natureza. Em vários episódios, conseguimos entender por que ação do bicho homem está comprometendo o futuro de certos animais e, consequentemente, do planeta que casualmente habitamos. Não deixa de ser um bom sinal o fato de que hoje, mais do que em qualquer outra época, esses riscos preocupam tanta gente, a ponto de grandes empresas estarem investindo para colaborar com a salvação da Terra.

Como bem disse Einstein, não é possível prever como será disputada a 3a Guerra Mundial (se houver), mas a 4a certamente será com paus e pedras!!! Graças às refinadíssimas tecnologias utilizadas para produzir tantas séries maravilhosas, é possível admirar cada vez mais a natureza. E também visualizar em detalhes o tamanho da destruição.

1 thought on “Terra em perigo: tecnologia salva!

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