Mongólia, Nova Zelândia e Venezuela: somente esses três países, num total de 64 analisados, estão atrás do Brasil em termos de produtividade. À frente, aparecem Bulgária, Peru, Botswana e Cazaquistão! Aqui, precisamos de quatro pessoas, em média, para realizar o que faz um único americano (ou dois chilenos).

Os números estão num relatório divulgado pelo respeitadíssimo IMD (Institute for Management Development), escola de administração suíça que anualmente analisa o desempenho dos países a partir de vários parâmetros sócioeconômicos. O ranking divide o PIB do país pela sua população economicamente ativa, e naturalmente é afetado pelo nível educacional, que por sua vez tem a ver com os investimentos na formação profissional, especialmente nas áreas de ciência e tecnologia.

Mas, calma, se você acha esses dados revoltantes considerando a alta carga de impostos que todos nós (bem, nem todos…) pagamos, a pior notícia é que o problema só tende a se agravar. Ao divulgar o relatório do IMD, o Estadão foi ouvir especialistas tentando entender por que o país patina a cada nova pesquisa sobre o tema da produtividade. E as respostas não são nada animadoras.

Juros, queda de investimentos e a perda do bônus demográfico

Hugo Thadeu, da Fundação Dom Cabral, por exemplo, lembra que os gastos públicos continuam em alta, com juros elevados devido às incertezas fiscais, e que os fundos de desenvolvimento científico e tecnológico são costumeiramente desviados pelo governo para fechar suas contas. Já comentamos esse problema aqui: os fundos destinados ao setor de telecom são um exemplo gritante dessa distorção.

Outros expert, José Ronaldo de Castro Souza Júnior, do IBMEC, diz que a produtividade brasileira está estagnada desde os anos 1980! E, como o tema é pouco discutido, a tendência é piorar com o fim do chamado “bônus demográfico”: até cerca de 20 anos atrás, tínhamos a maior parcela da população com idade economicamente ativa, mas com as pessoas vivendo mais tempo e as famílias tendo menos filhos, essa suposta vantagem deixa de existir. Vejam aqui a matéria do Estadão, com os rankings e as análises.

Nenhum dos entrevistados comentou, mas tomo a liberdade de acrescentar: com a importância crescente da tecnologia na vida dos países, a baixa produtividade se transforma num perigo. Será cada vez mais difícil para os profissionais brasileiros se atualizarem tecnicamente, já que não têm uma boa base educacional. E nos próximos rankings podemos ser ultrapassados até por países que, ainda outro dia, nem estavam no mapa.

3 thoughts on “Por que não somos mais produtivos

  1. olá meu nome é André e sou fã do blog de vocês seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigado

  2. Olá André, você diz “colocar” como? Transcrever os posts nossos no seu site? Se for isso, sem problema, desde que vc dê o crédito e coloque o link. Abs

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