“O mundo está cheio de péssimas caixas acústicas, e algumas delas são muito caras. E há outras excelentes, que custam uma fração do preço”

A frase é de um dos maiores especialistas do mundo, Robert Harley, editor da prestigiada revista The Absolute Sound e autor de livros sobre o assunto. Um de seus últimos artigos (“Como escolher caixas acústicas”), que está traduzido no hometheater.com.br, pode servir de ponto de partida para quem pretende montar um bom sistema de áudio ou de home theater.

Evidentemente, vários fatores devem ser levados em conta. A começar do próprio gosto (e experiência auditiva) do usuário e de uma análise criteriosa do espaço que tem para isso. Uma das regras seguidas por Harley é que até um ótimo equipamento pode ter desempenho ruim se for mal instalado, ou se a sala não for adequada. E outra, ainda mais importante, é que as caixas devem ser escolhidas de acordo com a amplificação, e não o contrário.

Ao pesquisar preços, muitos se esquecem do custo da instalação, que inclui itens como pedestais (ou suportes), cabos de qualidade equivalente – além, é claro, de uma consultoria profissional, caso o usuário não tenha familiaridade com áudio. Antes disso, aliás, a “regra de ouro” é visitar lojas especializadas que tenham bons espaços de demonstração, e procurar ouvir pelo menos três modelos de caixas.

Sons acústicos e eletrônicos

Nesse processo, consumidores que não se deixam levar apenas pelo preço ou por modismos têm a oportunidade de educar seus ouvidos. E descobrir – como já me aconteceu, aliás – que uma gravação apreciada durante anos possui nuances que não eram percebidas até então. Nas demos, vale a pena procurar ouvir gêneros diversos, entre acústicos e eletrônicos, suaves e agitados, prestando atenção para notar se o par ou sistema de caixas produz sons agradáveis em todos eles.

A dinâmica dessa experiência auditiva, trocando ideias com o vendedor, é muito mais importante do que as especificações técnicas. Embora seja necessário considerar itens como resposta de frequência, capacidade de potência, impedância e sensibilidade da caixa, tendo como referência as características do amplificador (ou receiver), nada como os ouvidos para indicar se o modelo desejado irá satisfazer.

Por fim, segue uma dica que ouvi há muitos anos de alguém que, por ter o chamado “ouvido absoluto”, é autoridade na matéria: o grande músico e compositor Egberto Gismonti. Numa entrevista, ele me disse que um bom músico é aquele que consegue tocar bem ao vivo, até mesmo de improviso, instrumentos acústicos (Gismonti é ardoroso defensor do uso da tecnologia nas gravações), já que a eletrônica às vezes mascara a falta de talento.

Acho que vale o mesmo para os equipamentos, particularmente uma caixa: se for capaz de transmitir a emoção e as sutilezas de uma gravação acústica (seja um solo de violão, piano ou violino, um trio de jazz, uma big band ou até uma sinfônica das boas), está aprovada.

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