Se há uma crise econômica no país, parece que ela passa longe das previsões do varejo para esta Black Friday. Dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC) indicam que está para ser batido o recorde histórico da BF desde que foi implantada no Brasil, em 2010. As vendas este ano devem ser 4,3% superiores às de 2022, com os segmentos de eletrônicos, eletrodomésticos, móveis e utilidades domésticas respondendo por quase a metade do total (48%). TVs e ar-condicionado serão os itens mais procurados, embora no segundo caso esteja pesando fortemente a onda de calor que se abateu sobre Sul e Sudeste.
Sites e blogs estão cheios de advertências sobre os riscos de quem vai aproveitar as inúmeras promoções. Muitas delas são verdadeiras roubadas (sem trocadilho), mas isso acontece desde sempre e não é o fator que desestimula as pessoas a comprar. Até o site da insuspeita Serasa traz uma lista dos “golpes mais comuns” (veja aqui), que – como é usual – vão sendo aperfeiçoados a cada ano. Vamos comentar alguns deles.
Na compra de mercadorias online, já temos uma espécie de “efeito viagem”, uma réplica do que costuma acontecer quando se compra uma reserva de hotel ou um pacote turístico. Num canto da tela, surgem advertências como “restam poucos itens” ou “esta é última opção”, alguns incluindo um reloginho de contagem regressiva, sempre apressado. São senhas para que você não pense muito e feche logo sua compra.
Nessa hora, é comum não conferir as condições do negócio. O problema é que até você escolher o produto, digitar seu endereço, número do cartão etc., o tal reloginho já andou e aquele preço que aparecia no início não é mais o mesmo. Se você clicar em “fechar a compra”, é grande a chance de pagar mais caro – e aí, não há como voltar atrás.
Os problemas na entrega
Lojas virtuais como a Amazon gostam de propagar a vantagem do “frete grátis”, por exemplo – muitas estão imitando a americana. Só que nem sempre isso fica claro para o consumidor. Às vezes, um produto que custa R$ 50 pode ter frete até de valor mais alto, cobrado disfarçadamente.
Mas a maior parte das queixas em época de final de ano é quanto aos prazos de entrega. É fácil entender: uma empresa que mantém estrutura para entregar, digamos, 10 mil itens por dia dificilmente conseguirá se adaptar a tempo quando ocorrer uma explosão de pedidos, com 50 ou 100 mil clientes aguardando o seu. Esse, aliás, segundo os especialistas, é o grande gargalo do varejo online brasileiro, dadas as dimensões continentais do país e sua conhecida deficiência de infraestrutura.
Uma rápida pesquisa nos sites dos Procons, IDEC e Reclame Aqui ajuda a entender quais são as fraudes (ou falhas) recorrentes do varejo e a tentar, pelo menos, se prevenir. O Código de Defesa do Consumidor, considerado um dos melhores do mundo, garante que, se você não ficou satisfeito com um produto adquirido pela internet, tem prazo de até 90 dias para reclamar – isso, no caso de bens ou serviços duráveis (eletrônicos, por exemplo). Se fizer a reclamação em até 7 dias úteis, o estabelecimento é obrigado a providenciar a troca ou, se o cliente preferir, o reembolso do valor pago.
A questão é que o mundo online anda cheio de sites falsos, desenhados justamente para iludir os consumidores incautos. Um golpe já manjado é aquele praticado através das redes sociais, com links atraentes direcionando a vítima para páginas de pagamento que somem de repente. Para quem está na dúvida ou foi pego numa dessas, sugiro acessar o site da Senacon (Secretaria Nacional do Consumidor), que oferece boas orientações.
E, se você não pretende comprar nada na Black Friday, ainda assim compartilhe os links com parentes e amigos. Infelizmente, as fraudes estão soltas.