“A guerra do streaming acabou. E a pirataria venceu”, diz a chamada de um vídeo do YouTube que viralizou em vários países nas últimas semanas. O canal Money Legends produziu o vídeo com base em estatísticas oficiais (vejam aqui), levantando vários questionamentos.

Depois de derrotarem a TV paga, no final da década passada, as plataformas de streaming decidiram, quase que em bloco, aumentar os preços das assinaturas. O especialista Matheus Cofferri, ex-executivo do segmento, levantou os números no Brasil. Entre 2021 e 2025, os planos básicos subiram em média 60% (quase o dobro da inflação acumulada no mesmo período). Esse movimento coincidiu com o aumento dos acessos aos sites piratas de filmes (66%). Confiram neste link.

Embora as empresas de streaming continuem divulgando que os acessos aos sites legais estão em crescimento, é irresistível conectar as duas estatísticas. Assim como as plataformas revolucionaram os hábitos do público oferecendo maior variedade de conteúdos e facilidade de acesso, a pirataria também “evoluiu” nesses quase cinco anos.

Esporte será a saída?

Até profissionais do mercado reconhecem que os serviços fora da lei ganharam interfaces melhores e qualidade de imagem mais estável – e, claro, com filmes e séries roubados, oferecidos quase de graça.

Talvez não seja por acaso que as grandes empresas do segmento lutam ferrenhamente pelos direitos de transmissão de eventos esportivos. Já surgem até notícias de que a própria Netflix, gigante do streaming, negocia começar a oferecer grandes eventos ao vivo, rompendo com quase 20 anos de história (vejam esta reportagem).

Segundo o censo do IBGE, em 2024 era de 43,4% a proporção de domicílios brasileiros com pelo menos uma assinatura de streaming pago. Considerando a população de 71 milhões de domicílios (dados da última PNAD/2023), isso daria algo em torno de 30 milhões de residências conectadas.

Apps e caixinhas “TV Box”

Já a Alianza contra la Pirataria Audiovisual, em seu relatório de 2024, divulgou que o consumo de conteúdos ilegais havia caído 3% no país. Só que esse dado excluía o acesso por aplicativos piratas e pelas caixinhas “TV Box”, cujas vendas se expandiram incrivelmente nos últimos cinco anos (como mostramos neste post).

Há, sem dúvida, um grande esforço das empresas, em conjunto com Polícia e Receita Federal, para derrubar sites e apps ilegais – vejam este relatório da Kantar Ibope Media. A toda hora surgem notícias sobre apreensão de caixinhas e até prisão de indivíduos implicados. Mas fica uma sensação parecida com o combate ao crime organizado: eliminam-se os criminosos da rua, mas estes logo são substituídos, pois seus mandantes – e toda a estrutura que os protege – continuam ativos.

 

 

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