Uma garoa bem paulistana não para de cair desde ontem sobre esta linda cidade de Dubrovnik, no litoral do Mar Adriático, onde estamos para a Conferência Global de Imprensa da IFA 2012. Uma pena. A paisagem é digna de filme americano, semelhante a toda a costa mediterrânea, e somente no final da tarde de quinta-feira, quando chegamos, foi possível percebê-la melhor. Não há praias, apenas penhascos e casas penduradas nos morros, parecendo que ameaçam desabar a qualquer momento. Mas estão ali há séculos, e – ao contrário dos morros brasileiros – não se tem notícia de deslizamentos.

Para quem não conhece, recomendo. Fundada no século 7, Dubrovnik tem apenas 42 mil habitantes, mas uma história de fazer inveja a muita cidade mais famosa. Indicada como “patrimônio mundial” pela ONU em 1979, teve seu apogeu na Idade Média, quando era sede do reino de Ragusa, que chegou a rivalizar em importância com Veneza, Genova etc. Depois, em meio a seguidas guerras, foi conquistada pelos venezianos e mais tarde incorporada ao Reino Húngaro, chegando ao século 19 como parte do Império Austro-Húngaro. A região também foi ocupada, durante a Segunda Guerra, pelos fascistas italianos e pelos nazistas, derrotados pelo exército do Marechal Tito, comunista que por causa disso virou herói nacional e ditador da Iugoslávia, unificando à força seis países diferentes (Eslovênia, Sérvia, Bósnia, Macedônia, Montenegro e Croácia, esta na área amarela do mapa – Dubrovnik fica no extremo sul).

Mas, por incrível que pareça, o período mais sofrido para a população daqui tem menos de vinte anos. Após a dissolução da antiga Iugoslávia, em 1991, a Croácia tornou-se um país independente, mas foi duramente atacada pelos exércitos da Sérvia e de Montenegro (embora não tanto quanto a Bósnia). Dubrovnik teve vários de seus edifícios históricos queimados. Ainda há marcas em alguns deles, e para quem quiser tirar a prova foi montado um museu em homenagem a 110 moradores da cidade, assassinados pelo exército do terrível Slobodan Milosevic, mais tarde condenado como criminoso de guerra.

Felizmente, a maior parte das casas e prédios sobreviveu. Apesar da garoa, conseguimos caminhar pelo que eles chamam de “centro velho”, junto à muralha de 1.940 metros que circunda a cidade (foto ao lado). Impossível deixar de reparar: embora seja um país pobre, a Croácia consegue preservar a maior parte de seu patrimônio histórico. Nos últimos anos, o governo decidiu investir nisso para explorar seu potencial turístico – de barco, chega-se em meia hora ao litoral da Itália. E os edifícios, apesar de terem mais de mil anos, parecem mais sólidos do que muitos prédios de apartamento construídos atualmente no Brasil.

3 thoughts on “Um paulistano na Croácia

  1. Caro Orlando,

    Faço parte da equipe de produção do programa Tudo é Possível da Rede Record. Fomos convidados a realizar matérias em duas cidades da Croácia: Split e Dubrovnik. Acabo de ler no seu blog que voce esteve lá durante a IFA 2012. Minha pergunta é, você conhece algum brasileiro que more em uma dessas cidades ou dicas de curiosidades para fazermos as matérias?

    Grato pela sua atenção,

  2. Olá Jeff, pessoalmente não conheço, mas duas pessoas já me disseram que conhecem. Preciso consultá-las para ver se têm os contatos. Encaminho pra vc caso consiga, OK? Abs. Orlando

  3. Eu venho aqui toda semana.
    trabalho em cruzeiro maritimo…
    mas nao conheco nenhum brasileiro…

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *