A indústria eletrônica mundial precisa acabar com essa história de jogar dinheiro fora. Quem diz não sou eu, mas Rainer Hecker, diretor-geral da GFU, sigla alemã para a entidade que promove a IFA, principal feira de equipamentos de consumo da Europa. Hecker falou na manhã deste sábado para uma plateia de mais de 250 jornalistas internacionais, aqui em Dubrovnik, Croácia, onde estamos desde quinta-feira. A frase, na verdade, nem é dele; Hecker citou o novo presidente do grupo Panasonic, Katzuhiro Tsuga, que assumiu o cargo para tentar interromper o ciclo de prejuízos da empresa japonesa. “Estamos queimando dinheiro”, disse textualmente Tsuga, condenando a “guerra de preços” provocada pelos fabricantes coreanos, assunto que comentamos recentemente aqui.
Hecker fez a citação para reforçar o que, a seu ver, deve ser o papel da IFA no atual momento da indústria eletrônica: evitar a “destruição de valor”. Foi assim que ele se referiu às empresas que preferem cortar os preços em vez de investir em novação tecnológica (claro, não citou nenhuma delas). “Mais do que o preço, o consumidor precisa ser orientado sobre a importância do valor das coisas”, disse o executivo alemão. “Hoje, a maioria das pessoas tende a trocar seus aparelhos mais rapidamente, e isso se deve à inovação, não ao fator preço”.
A seu lado, outros representantes da IFA balançaram as cabeças, concordando. Reinhard Zinkann, presidente da ZVEI (associação dos fabricantes de eletroeletrônicos da Alemanha), acrescentou que, em tempo de crise, a solução não é baixar os preços, mas gerar mais valor para quem consome. E Christian Göke, diretor da Messe Berlin, que organiza a feira, citou diversos números para mostrar que a atual crise econômica européia não é tão feia quanto parece. “Apenas três países estão em crise: Portugal, Grécia e Irlanda. E esses representam apenas 5% do PIB europeu”, disse, sem mencionar Espanha, Itália etc.
Do ponto de vista de um evento como a IFA, de fato não parece haver crise alguma. Quase todos os expositores do ano passado – entre eles as marcas mais importantes da indústria – estão confirmados para o evento, que acontece entre 31 de agosto e 5 de setembro em Berlim. A reunião de tantos jornalistas aqui em Dubrovnik foi organizada justamente para mostrar que a IFA 2012 será, no mínimo, um sucesso tão grande quanto a edição de 2011, quando houve recordes históricos de expositores (1.400), executivos do setor (38 mil), área de exposição (140 mil metros quadrados) e jornalistas não europeus (2.100), além de 239 mil consumidores visitantes (a CES, por exemplo, não é aberta ao público).
“Como os senhores podem ver, não há crise”, insistiu Göke, apontando numa tela gigante o fato de que pelo menos 200 novos expositores irão se incorporar ao evento este ano. “Até mesmo os japoneses, que vêm sofrendo muito mais que os europeus, já garantiram presença”.
Esse pessoal parece meio confuso. Querem fazer crer que os Coreanos estão baixando os preços e não estão investindo em inovação? Quem trouxe o 3D passivo não foi a LG? Quem tem mais recursos em TVs conectadas (pelo menos no Brasil) não é a LG e a Samsung? Não são as Coreanas as que ofereceram primeiro um número maior de serviços nas suas TVs (Netflix, NetMovies, etc) ,enquanto as concorrentes parecem estar paradas, olhando.
A LG tem seu controle remoto ao estilo Wii, a Samsung tem a sua TV ao estilo Kinect… posso estar errado, mas me parece que não é na Coréia que está faltando inovação (ou pelo menos implantação das tecnologias atuais).
Fernando, concordo contigo. Temos visto diversos comentários sobre a “guerra de preços” dos coreanos. Mas temos diversas marcas disponíveis além de LG e Samsung, e não me refiro às marcas japonesas. Em qualquer hipermercado encontramos, para ficar somente em duas, AOC e Buster, ambas utilizando componentes chineses (como as demais marcas, evidente). São TVs HD com um preço mais atraente do que as coreanas, porém com muito menos aplicativos. Atendem a um público menos exigente e com menor poder aquisitivo.
É no mínimo curioso que as nipônicas Sony, Panasonic, Toshiba e etc fiquem argumentando a tal guerra de preços com as coreanas. A Sony, que recentemente divulgou a decisão de focar seus próximos TVs em qualidade e não preço, não oferece nem a mesma quantidade de aplicativos nem a melhor qualidade de imagem, isto comparando com as coreanas. Estou aqui imaginando onde e como a Sony justificará a tal qualidade com seus preços maiores quando as coreanas estão na vanguarda destas tecnologias e oferecem, ainda, preços tão bons.
Creio mesmo é que as demais empresas não conseguiram, ainda, aliar alta qualidade a preços menores, coisa que os coreanos descobriram como fazer já tem alguns anos. E a esta ineficácia mercadológica estão dando o nome de “guerra de preços coreana”.