Existem nos EUA quase 102 milhões de residências que recebem TV por assinatura, seja via satélite ou cabo. Se você acha muito (no Brasil, estamos em torno de 17 milhões, e a população brasileira é apenas 30% menor que a americana), lembre-se que no final de 2011 eram 103 milhões. Ou seja, em um ano o número de residências que deixaram de usar TV paga foi de aproximadamente 1 milhão.

É o fenômeno “cortar os fios” (cord-cutting, como se diz por lá), algo contra o qual estão em alerta máximo todas as emissoras, operadoras e programadoras. Os dados fazem parte do mais recente relatório da Nielsen, o “ibope” deles. O levantamento se refere ao terceiro trimestre do ano e, ao contrário de seu correspondente brasileiro, a Nielsen matriz não sofre contestações sobre a idoneidade e confiabilidade de suas pesquisas; por sinal, desde o ano passado a empresa intensificou suas operações no Brasil (vejam aqui).

A tendência dos assinantes abandonarem os serviços tradicionais de TV paga já vinha sendo detectada há uns dois anos, mais ou menos em paralelo com crescimento da Netflix, principal fornecedora de conteúdos online. Agora, os números (queda de 4%) começam a preocupar. Daqueles 102 milhões de residências, diz a Nielsen, 58,5 milhões são servidas por operadoras de cabo, enquanto 34,8 milhões recebem sinal via satélite. Ambos tiveram queda; o único segmento que cresceu foi o chamado telco, serviço de TV fornecido pelas operadoras de telefonia, mas estes são apenas 9,5 milhões de domicílios.

No total, o número de “cortadores de fio” pode ser considerado irrisório. O que preocupa é a curva: aos poucos, os serviços que o mercado convencionou chamar de OTT (over-the-top) estão atraindo mais usuários, enquanto a venda de assinaturas parece estagnada. Quanta diferença em relação ao mercado brasileiro!

7 thoughts on “Cortar os fios: essa onda preocupa

  1. Acho que você errou o alvo, não é a Netflix a principal responsável pelo “cord-cutting” nos EUA. Pelo que vejo do catálogo deles por lá, apesar de mais completo, não substitui a TV por assinatura. Quem realmente permite que o “cord-cutting” seja possível é o Hulu, que oferece a programação recente da TV, até de graça via PC, ou paga em dispositivos conectados (PS3, XBox, WDTV, Roku e similares).

    Aqui estamos longe desta realidade, mas se tivéssemos um Hulu no Brasil as operadoras poderiam se preocupar um pouco, mas só um pouco. Mesmo que eu tivesse Hulu não cortaria o serviço de TV, já que no meu plano, se eu assinar apenas Internet, economizarei somente R$20,00. É o chamado “combo”. Outro fator é que as operadoras de telefonia dominam os serviços de TV e Internet no Brasil. Não vale a pena ter apenas o serviço de Internet aqui, o preço é inflado para garantir que a maioria absoluta prefira o combo.

  2. O efeito “cortar os fios”, na minha opinião, é causado pelo alto custo das mensalidades dos planos de tv por assinatura, um modelo de negócios que só beneficia as operadoras e a qualidade questionável de seus canais. Uma programação de grade que dificilmente você conseguirá acompanhar (tudo bem, você poderá gravar, porém, novamente terá que pagar a mais por isso), canais de filmes com intervalos longos para propaganda, os melhores canais só estão disponíveis nos planos mais caros, filmes velhos que repetem dezenas de vezes (se quiser assistir filmes recentes, terá que pagar a mais por isso), o VOD que eles oferecem é atrelado a assinatura; ou seja, você terá que pagar por um plano, que geralmente é o mais caro, para ter esse serviço. Isso chama-se venda casada ao meu ver. Veja se as operadoras querem oferecer esse serviço para quem não é assinante? Claro que não, né? Eu possuo Netflix e tv por assinatura, posso dizer também que o efeito “cortar os fios” está cada vez mais forte em minha mente!!

  3. Aqui, o fenômeno está acontecendo por outra razão: os preços. A promessa de todas operadoras sempre foi a mesma: conforme o número de assinantes aumentasse, a mensalidade irira diminuir, o que nunca aconteceu. Quantas vezes fico “zapeando” os canais e não tem programa que presta. Quem tem TV por assinatura a cabo tem a opção de assinar o pacote mínimo e desbloquear posteriormente todos os canais. Ou as operadoras colocam a “mão na consciência”, ou será isso que vai acontecer daqui para frente.

  4. Não entendi a conta no primeiro parágrafo. Lá nos EUA em 2011 tinham 102 Milhões de Assinaturas, e um ano depois caiu 1 milhão e ficou em 104 Milhões? Como assim?

    E se levar em consideração a quantidade de assinaturas, a população e o PIB de cada país, temos:
    PIB EUA: 15,09 Trilhões USD / PIB Brasil: 2,477 USD
    População: 300 Milhões / 200 Milhões
    Assinaturas 104 mi / 17 mi

    15,09 / 2,477 = 6,09 => O PIB dos EUA é 6X maior q o nosso.
    Se considerar a população de lá como igual a nossa, as assinaturas de lá seriam:
    104 mi x 0,7 = 72,8 mi

    72.8 / 6 = 12,12 < 17mi do Brasil.

    Logo, se o PIB fosse um medidor confiável da economia, a proporção de assinaturas seria de 12 milhões pra cada 200 milhões de habitantes, contra os 17 Milhões daqui. Logo, o mercado aqui está muito bom em relação à nossa economia.

  5. Orlando, sem querer ser chato, mas o texto está contraditorio em pelo menos 2 pontos… Começa dizendo que existem atualmente 104 milhões de residências com tv paga, que em 2011 eram 102 milhoes (portanto, atualmente seriam 2 milhoes A MAIS que em 2011), aí diz que diminuiu 1 milhão? Como diminuiu, se passou de 102 para 104?

    Diz que a maioria é de tv via satélite, e depois informa que 58,5 milhões são cabo e 34,8 milhões são via satélite (58 é maior que 34?)… Pode parecer bobagem, mas eu gostaria de saber os numeros certos, se nao for incomodo, claro…

  6. Olá Marcos, obrigado pela msg. De fato, os números estavam errados e já foram corrigidos. Não tinha feito esses cálculos com base no PIB, até porque nem sei qual é o PIB dos dois países; a comparação leva em conta apenas a população de cada país. De qualquer maneira,nos EUA quase todo mundo tem TV paga; ou, pelo menos, é o que dizem as estatísticas. Abs. orlando

  7. Caro Rubens, no meio das estatísticas acabei embaralhando os números. Desculpe, já fiz as correções. E você não está sendo chato, ao contrário, sempre que erros aparecerem fique à vontade para corrigir. Abs. Orlando

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *