Passei minha adolescência e juventude ouvindo falar que as empresas estatais eram fundamentais para o País. Petrobrás, Telebrás, Eletrobrás, Nuclebrás e uma série de outras, criadas pelos governos militares, dominavam seus setores e determinavam como deveriam atuar todas as empresas privadas. Lembro até de uma piada da época, a propósito da placa “em obras” sempre colocada junto às obras de infraestrutura, especialmente nas estradas. Dizia-se que eram coisas da “Emobrás”.

Bem, isso era nos anos 60/70. Vivíamos sob uma ditadura e ninguém podia criticar essa política, que sob alguns aspectos era até compreensível (as empresas privadas não tinham capital para investir em infraestrutura, e a ação do Estado ajudava a dinamizar a economia). O triste é ver que muita gente tem saudades daquela época. Mais triste ainda que o atual governo queira ressuscitar aquelas práticas. Vimos no ano passado o escândalo da criação da Oi, que comprou a Brasil Telecom com bilhões de financiamento público e já é a campeã de reclamações nos serviços de defesa do consumidor. O projeto de reativação da falida Telebrás está embutido no Plano Nacional de Banda Larga, que já comentamos aqui várias vezes.

Agora, surge a notícia de que o Palácio do Planalto deu aval à construtora Camargo Correa para constituir a maior empresa de energia do País. “Aval”, no caso, significa ordens expressas para que o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil abra espaço à empresa na compra da AES Eletropaulo e da NeoEnergia. Com isso, a CC – que no ano passado já adquiriu o controle da CPFL – ficaria com 36% do mercado brasileiro de distribuição de energia, ou seja, o dobro do tamanho da Cemig, a segunda maior. Os detalhes do negócio estão na edição deste domingo da Folha de S.Paulo.

Detalhe que ninguém pode (nem deve) esquecer: a Camargo Correa foi a maior doadora das campanhas do PT nas eleições de 2002 e 2006. Será coincidência?

Energia, telecomunicações, banda larga… não é à tôa que no recente Fórum Econômico Mundial, realizado na Suíça, o Brasil – apesar de todo o seu potencial – foi apontado como um dos países mais atrasados em tecnologia. Juntos, esse pessoal todo aí de cima tem tudo para fazer o País entrar, triunfante, no século 20.

3 thoughts on “Vem aí o século 20

  1. Fico tranquilo em saber que pelos proximos 16 anos ainda teremos a frente do nosso pais as lindas cores (vermelha) da bandeira do PT, pois com certeza o povo não deixará de eleger Dilma pelos proximos 8 anos e Lula a partir de 2018 até 2026 e com um pouco de sorte Dilma ainda talvez de continuidade a partir de 2026 (Quem sabe???)

  2. As pessoas falam muito sobre suas experiências do regime militar (ditadura para outros) e confesso que o Brasil ruma a uma nova realidade que padece de um nível assustador em respeito as liberdades civis e a conduta ética dos órgãos públicos.

  3. Que horror. O George Orwell, se visitasse a nossa ‘terrinha’, iria ter um novo personagem cono fonte de inspiração, para escrever agora não 1984, mas talvez 2024.
    Baseado no Super Big-Brother LULA. E sua Big-Sister DILMA. Boa sorte para nós.

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