Encerrei minha viagem de 10 dias ao Japão anotando num caderno algumas pequenas lições que aprendi nesse período. Durante o longo vôo de volta, decidi escrever um mini-diário de viagem, lembrando de coisas que vi e/ou ouvi. São heranças que vão ficar para sempre. Têm a ver com hábitos e costumes de um povo que se pode chamar, com toda justiça, de “civilizado”. Acompanhem:

*No ônibus do aeroporto até o hotel, uma gravação em inglês avisava: por favor, desliguem seus celulares. O quê? No ônibus? Pensei que era só no avião! Explicação: não se deve incomodar os demais passageiros falando ao celular durante o trajeto.

*No Japão, até as senhoras idosas andam de bicicleta. Vi várias. E com a maior habilidade. Turistas perdidos (ou mal-educados mesmo) aglomeram-se na calçada, dificultando a passagem das bikes. Pois os (e as) ciclistas japonese(a)s desviam agilmente.

*Carros e ônibus japoneses emitem um sinal sonoro (um discreto apito) quando entram em racha à ré. Foi a solução encontrada pelos fabricantes para evitar atropelamentos involuntários. Fico me perguntando: por que essas mesmas fábricas não fazem isso com os carros produzidos no Brasil?

*Aliás, falando em carros: a lei japonesa exige que todos saiam já de fábrica com catalizador de CO2. Por que Honda, Toyota, Nissan e outros fabricantes não fazem o mesmo com seus carros fabricados no Brasil? Será preciso esperar que surja uma lei a respeito?

*Japonês em geral fuma muito (bebe muito também). Lá, como aqui, os fumódromos estão se tornando cada vez mais comuns. Só que são espaços fechados! Isso mesmo: salas destinadas aos fumantes (vejam na foto). Pequenas, em geral com vidraças para quem está fora ver o crime que se comete lá dentro. Assim, os fumantes se matam entre si e não ajudam a matar, por tabela, as outras pessoas.

*Guardanapo japonês não é de papel (artigo de luxo lá), nem de tecido comum. Nos restaurantes, é a primeira coisa que o garçom te entrega: um tecido úmido, embrulhado em embalagem plástica, que deverá ser usado durante toda a refeição. Com ele, você limpa as mãos antes de começar a comer e faz a sua higiene após. E, claro, os guardanapos não vão para o lixo. São lavados e reutilizados. Que bela economia eles não fazem!

Bem, já comentei aqui que os japoneses não aceitam gorjeta, de jeito nenhum. Tentei duas vezes, mas me devolveram, delicadamente. Agora, o atendente de meu hotel passou de todos os limites no dia em que vim embora. Como meu ônibus saía de outro hotel e eu teria que andar dois quarteirões, com três malas (duas delas pesadas), ele não teve dúvidas: pegou as malas e foi com elas até o local de onde partiria o ônibus. E andando depressa. Nem pensar em gorjeta. Recusou a ainda me desejou boa viagem.

Deveriam importar do Japão esse tipo de pessoa, em vez de aparelhos eletrônicos!

1 thought on “Heranças do Japão

  1. Para aqueles que entendem das Leis, fácil é entender, que elas só existem por que esquecemos que a mesma razão que as criou, também impede seu uso, ou seja: a moral, os bons costumes e os princípios gerais da educação foram abandonados no Brasil de vez.
    Por isso, em país com gente educada, até a legislação passa a ser obrigação moral.

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