Arenas multiuso apoiando a cultura do entretenimento

Por Fernando Saldanha*

Como em um filme futurístico, assistimos estupefatos ao amistoso da seleção Brasileira contra o México, no Dallas Cowboys, um estádio que muito provavelmente é o melhor do mundo. Digo estupefatos não pela partida em si, mas pela beleza e modernidade que o estádio oferece. Apaixonado que sou pelas tecnologias que hoje suportam estas verdadeiras arenas de entretenimento, não passou despercebida a integração de tecnologias que primam por todos os requisitos disponíveis no mundo do áudio, vídeo, segurança, e que são tendências inquestionáveis.

Se compararmos este estádio aos nossos, veremos que estamos muito aquém do que já existe pelo mundo. Nossa realidade atual aponta para estádios que atendem eventos relativamente pequenos, e que não oferecem infraestrutura, desde o entorno dos estádios, que não têm mobilidade social e estacionamentos suficientes, até a infraestrutura interna, como praças de alimentação, banheiros e sistemas de segurança. Se tomarmos a imprensa como exemplo, veremos os cabos dos equipamentos das emissoras de televisão soltos nos cantos do campo, trazendo riscos para quem está transitando e risco de choques elétricos.

Para que nossos estádios se transformem em arenas, será necessária muita tecnologia e algumas chegam a ser fundamentais. Cabeamento e equipamentos de Tecnologia da Informação (TI) adequados criarão a rede pela qual todos os sinais trafegarão em alta qualidade e velocidade. O sistema de áudio proporciona conforto e segurança ao público, enquanto os equipamentos de vídeo – que vão desde as câmeras de segurança que inibirão qualquer atividade ilícita, além de coibir situações de violência aos equipamentos de distribuição de vídeo como os monitores e painéis de LED espalhados no estádio – podem gerar receitas extras com veiculação de propagandas e informativos aos espectadores.

Mas para incentivar esta cultura no público brasileiro e assim valorizar todo este investimento, os detentores do direito de uso dos estádios/arenas, terão que divulgar amplamente as atividades que serão oferecidas, assim como desenvolver o desejo dos públicos. Várias ideias têm surgido de diferentes direções, seja por meio de Parques Temáticos nas redondezas, restaurantes especiais, minishopping centers nas arenas, Museus do Futebol para criar circulação de pessoal, shows antes e/ou depois dos jogos.

Uma das ferramentas fundamentais para que esta estratégia funcione é a integração de sistema de sonorização, pelos quais é possível colocar show ao vivo nos telões ou músicas para entreter o pessoal antes dos eventos. As campanhas interativas também são bem-vindas, pois forçam o público a responder via SMS ou Internet ou a dirigirem-se a algum ponto do estádio para participar de sorteios ou eventos nos intervalos dos jogos.

Neste caso, seria necessário um sistema robusto, bem planejado e que seja flexível, podendo-se adaptar a diferentes situações, seja no inverno ou verão, antes, durante ou depois dos jogos. Este sistema tem que ter uma confiabilidade, pois o investimento será amortizado durante 8, 10, 15, 20 anos.

As empresas especializadas em desenhar sistemas de áudio para os estádios precisam atuar mediante as normas da FIFA, respeitando os requisitos de qualidade e distribuição do som na arena, garantindo que a pressão sonora (confundido normalmente com o volume do som) seja uniforme em todo o estádio, as regiões podem e devem ser definidas pelo gestor da arena que poderá escolher qual mensagem irá para cada setor, possibilitando flexibilidade de segmentação de marketing.

Na parte de sistema de evacuação de emergência, o Brasil ainda engatinha com relação a padronizações e normas, mas com a globalização, as tecnologias chegam mais facilmente e com custos mais interessantes. Assim, haverá a necessidade de prover projetos com sistema de evacuação que atenda às normas internacionais, mesmo que ainda não estejam em uso no Brasil, permitindo evacuação de um estádio com 60 mil pessoas em no máximo oito minutos, com indicação de porta de saída, sinais nos placares e monitores e aviso sonoro, não apenas uma sirene como hoje em dia.

Nos projetos de grandes arenas existem espaços destinados a salas multimídia. Estes ambientes, normalmente são feitas pelas empresas definidas como Gerenciadoras das Arenas, que fazem negociações de camarotes e de alas Vips. Estas áreas são de vital importância, pois se seguirmos os modelos norte-americanos e europeus, normalmente estes recintos têm contratos de um a dois anos, garantem receita para pagar custos fixos da arena como funcionários, luz, água, manutenção, entre outros. Estes ambientes podem inclusive serem utilizados para happy-hours de empresas, reuniões de negócios, treinamentos, lançamento de produtos ou simplesmente empresas podem realizar um marketing institucional levando seus clientes ou colaboradores para algum show ou jogo importante.

Como conclusão, podemos dizer que um sistema audiovisual tem muita importância para várias áreas da arena, assim como no processo de comunicação e marketing dos times, dos patrocinadores e dos operadores do estádio. Primeiramente, como forma de receita extra para os operadores por meio do Digital Signage (Sinalização Digital), distribuição de conteúdo de vídeo – como endomarketing –, divulgando nos monitores e telões o que o clube tem feito, como as promoções, convites a eventos, ao museu do futebol que porventura esteja no próprio estádio.

Se com as arenas multiuso tivermos realmente o interesse de mudar nossa cultura e criar a cultura do ”entretenimento“ em um jogo de futebol, não podemos esquecer dos sistemas de áudio e vídeo, que são importantes para manter o público mais tempo nas arenas, mais motivado durante um jogo e mais propensos a consumirem os produtos que estão sendo vendidos no estádio, além de gerar maior segurança em todos os sentidos, trazendo de volta aos campos de futebol aquela imagem bonita de famílias inteiras, com crianças ainda de colo, assistindo e torcendo pelo seu clube do coração, como um evento e não simplesmente como jogo apenas.

* Fernando Saldanha é diretor comercial da Seal Telecom, empresa nacional especializada na integração de sistemas que unem tecnologias de comunicação presencial e a distância.