Caminham bem as negociações entre o grupo americano Liberty Media e o francês Vivendi. Ambos são, respectivamente, donos da DirecTV, maior operadora de TV por satélite das Américas, e da GVT, uma das emergentes no Brasil. A DirecTV, como se sabe, controla a brasileira Sky, líder no segmento de satélite (DTH).

Segundo a consultoria Teleco, a GVT é uma das operadoras com crescimento constante no mercado brasileiro, desde que foi adquirida pelo Vivendi, em 2009. Praticamente triplicou sua base de clientes de voz e banda larga nesse período, entrou no serviço de TV paga e, no final de 2012, passou a atuar também na Grande São Paulo. Como o grupo francês está em dificuldades financeiras, a maioria dos especialistas acredita que a venda da GVT – sua atual “joia da coroa”, com faturamento de R$ 4,3 bilhões no ano passado – seja um passo interessante. E, como o Liberty busca há tempos expandir seus negócios na América do Sul, nada mais natural do que se candidatar à compra.

Não é especulação. Os dois grupos vêm conversando há alguns meses, mas trata-se de um negócio necessariamente demorado. Em entrevista na semana passada, o vice-presidente da DirecTV para a América Latina, Bruce Churchill, admitiu o interesse e lembrou que o Brasil, com apenas 27% de penetração da TV paga, é um mercado muito atraente. Anunciou ainda que o grupo irá lançar em 2014 um satélite para atender exclusivamente ao mercado brasileiro.

Mas o lance inicial do Vivendi foi de 7 bilhões de euros, o que assustou os americanos; a esta altura, já deve ter baixado. Outras citadas como possíveis interessadas – Telefônica, Telecom Italia e até a brasileira Oi – aparentemente saíram do páreo porque estão todas com problemas de caixa (no caso das europeias, problemas graves gerados por suas matrizes). Não é o caso do Liberty, que tem por trás pelo menos dois grandes fundos de investimento. E seria uma união natural, boa para as duas empresas: a Sky poderia, finalmente, entrar no serviço de banda larga, e a GVT ampliaria centenas de vezes, numa tacada só, seu número de assinantes potenciais.

Mas o maior obstáculo à possível compra da GVT pelo Liberty não é financeiro: os americanos buscam garantias de que o governo brasileiro não irá interferir no mercado de TV por assinatura, como vem fazendo seguidamente. É isso, aliás, o que assusta qualquer investidor, por mais que o mercado brasileiro seja atraente. Como intervir, ao que parece, rende votos (os marqueteiros do Palácio do Planalto sabem faturar com isso), é improvável que a garantia pretendida venha antes das eleições, no final do ano que vem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *