pirataria

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pelo Facebook, alguém compartilha a foto acima, de uma placa de vendedor ambulante, que anuncia filmes piratas. Comentários irônicos mostram que a maioria das pessoas aceita esse tipo de atividade como “normal”, num país com tantas contravenções, inclusive as bancadas pelos governantes. Por email, recebo mais um entre centenas de spams, só que agora anunciando – com telefone e URL – “cabo HDMI 1.4 High Speed 3D with Ethernet” por R$ 9,99. Esse é sem marca, mas há também outros – Sony, Philips etc. – por 30, 50, 60 reais. Aqui mesmo, neste blog, um leitor tenta publicar como “comentário” o anúncio de um desses serviços com centenas de canais de TV paga (o nome genérico é “PC-TV”), ironizando os “idiotas” que pagam suas assinaturas mensais às operadoras.

Pela foto, já se pode ter uma ideia de quem vende: alguém que mal sabe escrever o próprio nome e que fez da pirataria seu ganha-pão. Certamente, trabalha a serviço de esquemas maiores, às vezes internacionais, e nem tem mais a preocupação de ocultar seu produto ilegal. Se for pego pela polícia, o que é raro, perde tudo. Mas será ressarcido pelo fornecedor, só para continuar na atividade que a maioria considera “normal”. Notem que são “filmes de arte”, com atores e diretores de prestígio, não dirigidos ao “povão”. E, se estão ali, é porque deve haver compradores, alguém da elite brasileira que conhece e aprecia filmes “cabeça”.

Isso me faz pensar como a criminalidade está, digamos, enrustida na sociedade brasileira, inclusive aquela parte que cobra providências contra a corrupção. O fornecedor que abastece o camelô com CDs e DVDs piratas está bem próximo (ou é o mesmo) daquele que traz cabos de “10 real” ou daquele que faz “gato” com sinal de TV paga. Todos devem trabalhar junto com os contrabandistas de eletrônicos, que por sua vez, quando a oportunidade aparece, também podem entregar roupas, calçados, relógios, perfumes e o que mais a clientela tiver interesse em comprar. Daí para o tráfico de drogas, animais, armas e até pessoas (crianças inclusive), é um passo.

Nesse quadro, quem é, afinal, bandido? E quem é mocinho? Os que consomem qualquer um dos itens acima sabem muito bem que estão contribuindo – no mínimo, sendo coniventes – com a criminalidade. A diferença é que alguns se constrangem e se calam; outros, porém, até fazem propaganda de sua esperteza.

3 thoughts on “Cabos, cabeças e piratas

  1. Tenho alguns colegas que usam o “decoder net liberado pra todos canais”, mas pagam apenas o plano básico. Um destes colegas, quando eu afirmei que preferia não ter os canais do que usar este “gato”, me disse o seguinte: “No dia em que as operadoras me deixarem escolher só os canais que eu quero e cobrar apenas por eles, serei o primeiro a jogar fora o aparelho e comprar só os canais que gosto de ver.”

    Longe de mim querer defender a utilização destes aparelhos, não os comprei antes e nem pretendo. Mas estou em vias de cancelar pacotes da operadora porque está para acabar a conhecida promoção de adesão, seis meses por X e a partir do sétimo mês por X+Y. Oras, em um plano com cerca de 140 canais, se eu zapear por dez deles é muito e a programação, não raro, é totalmente desinteressante. É muito injusto temos que aceitar estes pacotes, que nada mais são do que uma versão das conhecidas “vendas casadas”.

    Como exemplo, os pacotes HD. Se eu tenho um televisor preparado para HD, porque não oferecer um pacote apenas com os canais HD a um preço bacana? As operadoras, com estes pacotes fechados, induzem interessados a procurarem alternativas para não precisarem bancar o alto custo que cobram. E aí o consumidor fica no impasse: entro na lista dos desonestos e compro um aparelho decodificador gato ou simplesmente deixo de aproveitar os canais porque considero alto o valor do pacote e não consigo bancar este “luxo”?

    É muito complicado isto… como disse, provavelmente cancelarei meu pacote e manterei o Netflix, já que por míseros R$ 15,00, passo meses assistindo a várias temporadas de minhas séries preferidas e com alguns filmes de brinde. Não é por acaso que muitos assinantes do cabo estão migrando para Netflix e afins. Não é burrice das operadoras manterem este esquema de pacotes caros??

    Abs!

  2. Olá Paulo, obrigado por seu comentário. Na verdade, estamos falando de duas coisas diferentes. Acho que quem quer utilizar meios ilegais não tem muito esse escrúpulo de fazer as contas e pesar o custo dos canais. É um comportamento semelhante ao de quem faz cópias de filmes piratas ou viaja para Miami e enche a mala de bugigangas. Não é novidade que tudo no Brasil é mais caro, do eletrônico à comida no restaurante. Cabe a cada um ter consciência do que deve ou não fazer. No caso da TV por assinatura, mesmo que as operadoras oferecessem pacotes menores (digamos, só com os 20 canais mais interessantes, HD ou não), o custo seria mais ou menos o mesmo para o assinante. Isso porque, ao comprarem os filmes das programadoras (a maioria delas americanas), a operadora é forçada a aceitar “pacotes” que incluem filmes de menor valor. Isso ocorre também no segmento de DVD e Blu-ray: para poder adquirir um filme campeão de bilheteria, a locadora é obrigada a “engolir” vários que vão ficar na prateleira. A conta final tem que ser feita pela média, ou seja, compro dois filmes que valem 50 e tenho que aceitar mais oito que valem 5. Total: 140; dividido por 10, cada filme custa 14. Entendeu? Na hora de alugar, o preço é o mesmo para o filme de 50 e para o de 5. Na TV paga, é a mesma coisa, com um agravante do ponto de vista técnico (essa, aliás, é uma discussão mundial e interminável): não há como cada assinante escolher os canais que irá receber, porque nenhuma rede é capaz de gerenciar o que isso acarretaria em termos de tráfego de sinal, num sistema com 5 ou 6 milhões de domicílios conectados. Quanto ao Netflix, trata-se de uma outra plataforma de distribuição, que com certeza compete com a TV paga linear, como aliás já acontece em alguns países e já comentamos aqui no blog. Para quem só faz questão de ver filmes e séries, dispensando os programas de TV, eventos, jornalismo etc., sem dúvida um serviço como o Netflix é bem mais atraente. E estão surgindo outros que também vão roubar assinantes das operadoras. Mas, como disse, são conceitos e plataformas de serviço distintas.
    É isso aí. Espero ter ajudado a entender um pouco melhor como funciona esse mercado. Abs. Orlando.

  3. Se a ganância da indústria cinematográfica fosse bem menor, não teríamos de pagar caro nos filmes que queremos ter em casa. Existem muitos executivos desta indústria ganhando salários de marajá. O filme já rendeu muito dinheiro no cinema, depois no VHS, depois no Laserdisc, depois no DVD e agora no Blu-Ray, e ainda por cima as capinhas ficaram mais vagabundas. Porque? Porque quando relançam um filme em blu-ray ele tem de custar caro. Por exemplo, os filmes e desenhos da Disney e Buena Vista não abaixam de preço e nem entram em promoções nunca. Enquanto isso continuar a pirataria vai aumentar.

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