Critiquei tantas vezes o ministro das Comunicações, Helio Costa, que agora me sinto na obrigação de elogiá-lo, ainda que com ressalvas. O ministro criticou a proposta, defendida publicamente pelo presidente Lula, de aliviar a fiscalização das chamadas rádios comunitárias. Atendendo a reinvindicação das centrais sindicais, que têm emissoras como essas espalhadas por todo o País, Lula disse que irá reduzir as exigências para funcionamento delas e, além disso, acabar com a “perseguição” que sofrem.

Helio Costa diz ter sido voto vencido na discussão do assunto. “Há setores dentro do governo que entendem que o crime não é tão grave para permitir a prisão das pessoas”, comentou. Evidentemente, o ministro representa os interesses das grandes emissoras. Sempre foi assim. Mas não é por isso que a idéia é absurda. Como se sabe, no Brasil há pouca ou nenhuma diferença entre “rádio comunitária” e “rádio pirata”. As duas categorias não são legalizadas junto à Anatel, não pagam impostos e – pior do que tudo – emitem sinais que interferem em atividades essenciais do País, como tráfego aéreo, segurança e hospitais. Sem falar que muitas hoje trabalham para o crime organizado e para a proliferação de igrejas pseudo-evangélicas que enganam milhões de pessoas.

Parabéns ao ministro. E uma pergunta ao presidente: quem será responsabilizado no dia em que um avião cair por culpa de interferência de uma rádio dessas?

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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