6a00d8342fa31453ef00e54f216f018833-640wiOs que têm menos de 40 anos talvez estranhem o título acima. Será que alguém hoje ainda lembra o significado da palavra “hippie”? Pois é, houve época em que todos éramos hippies, em algum sentido da palavra, inventada pela mídia americana, nos anos 60, para definir os jovens que só queriam saber de sexo, drogas e rock´n´roll (e não necessariamente nessa ordem). Foi a época da liberdade conquistada a duras penas, contra a vontade de pais, mães, professores, governantes etc. E talvez o maior símbolo hippie seja o Festival de Woodstock (foto), realizado em agosto de 1969, com um público calculado em 500 mil pessoas (recorde até hoje não superado) num lugar que não se chamava Woodstock – este é o nome da cidade mais próxima da fazenda onde tudo aconteceu.

00173sotaaForam três dias de, literalmente, sexo, drogas (de vários tipos) e rock. E o mais incrível: tudo foi documentado em dezenas de horas de filme 16mm, por um maluco chamado Michael Wadleigh e uma equipe de jovens estudantes de cinema. Editado para pouco mais de três horas (precisamente, 224 minutos), o material chegou aos cinemas da época e entrou para a galeria dos clássicos do gênero. “Woodstock: Três Dias de Paz e Música” saiu em 1970 e ganhou o Oscar de Melhor Documentário. Rodou o mundo em poucas cópias (afinal, quem iria querer ver um bando de hippies dançando, bebendo e fumando sob a chuva? – perguntavam-se os especialistas na época). Tão poucas que acabaram gastando antes do tempo, pois o boca-a-boca fez com que ficasse em cartaz por meses e meses (chegou a ser censurado no Brasil, sob a acusação de fazer a apologia das drogas; e fazia mesmo).

Muito bem. O diretor Wadleigh fez uma edição especial para VHS, nos anos 80, outra para DVD, cerca de dez anos atrás, e agora acaba de ser lançada nos EUA a versão em Blu-ray. A remasterização preservou a crueza das imagens originais, que afinal de contas foram feitas em condições mais do que precárias, sob chuva torrencial e com muito improviso. Mas o áudio, segundo quem já assistiu, ficou melhor do que nunca em Blu-ray. E, além dos 224 minutos completos da “versão do diretor”, temos no pacote 18 performances que não constaram das versões anteriores, inclusive duas históricas: “Born on the Bayou”, com o Creedence Clearwater Revival, e “Turn on Your Love Light”, com o Grateful Dead. Nos extras, um mini-documentário (77 mins.) com os bastidores das filmagens e entrevistas com a equipe, da qual fazia parte um jovem assistente de direção de nome Martin Scorsese.

O Blu-ray da Warner, que já pode ser comprado nos EUA por algo em torno de 30 dólares, foi lançado oficialmente numa grande festa em Nova York, na semana passada, marcando o início das comemorações dos 40 anos do Festival, cuja programação prevê uma série de eventos até agosto. Todos nós, ex-hippies, aguardamos ansiosos.

Eis aqui o site oficial do evento.

2 thoughts on “Eu era hippie e não sabia…

  1. Em 70 tinha apenas 13 anos e uma intuição muito grande de que aquele festival ficaria para a história…..Na época na cidade do interior de mg onde morava todo mundo ironizava o festival pelas maluquices, roupas bizarras, drogas e rock…Tive a maior intuição da minha vida…Pois esse foi a maior festival do universo…

  2. Muiiito bom saber que tem pessoas que presam nossa cultura, e não simplismente julgam. ! .

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