Passou quase desapercebido, na semana passada, o lançamento da campanha “Banda Larga É um Direito Seu”, na Câmara dos Deputados. Como os líderes do movimento combatem a grande imprensa com todas as letras, esta logicamente não o divulga. Uma pena, porque seria uma ótima oportunidade para a sociedade discutir o que significa, de fato, banda larga e como se pode pressionar o governo e as empresas a garantir um serviço de melhor qualidade.

Evidentemente, é preciso apoiar toda campanha para melhorar os serviços públicos em geral – a lamentar que não haja outras semelhantes, por exemplo, em favor da saúde e da educação públicas, por exemplo. Mas isso não significa concordar com os métodos e as ideias dos organizadores. O início oficial da mobilização – que pode ser acompanhada pelo site http://campanhabandalarga.org.br/ – foi marcado para esta segunda-feira, 25, em eventos simultâneos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasilia, Salvador e Campo Grande. O problema é que, ao envolver sindicatos e partidos políticos, uma boa ideia como essa corre o sério risco de cair em descrédito.

Dizer que a banda larga brasileira é lenta e cara, por tão óbvio, me parece muito pouco para sustentar uma campanha. Quem quiser discutir o assunto a sério precisa, antes de mais nada, levantar o histórico do país nos últimos anos e analisar como países mais avançados estão resolvendo o problema. O slogan “banda larga para todos” soa tão demagógico quanto outros do gênero – “abaixo a pobreza”, “tudo pelo social”, “um país de todos” etc. Qualquer técnico com um mínimo de conhecimento nessa área sabe que é impossível levar banda larga a todos os mais de 5 mil municípios brasileiros, pelo menos na próxima década.

De qualquer maneira, tem que haver um começo.

Quem quiser entender um pouco melhor essa questão pode dar uma olhada nestes artigos:

Qual é a banda larga que queremos?

Como será o plano de banda larga dos EUA

Falta incentivo à oferta de banda larga

Banda larga tem que estimular a concorrência

Por maiores e melhores investimentos em P&D

Por que uma agência regulatória nas telecomunicações?

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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