Durante a cobertura da CES, em janeiro, fiz aqui uma brincadeira com o TV da Samsung que aceita comandos de voz, uma das atrações do evento (vejam o vídeo). Meu palpite era – e continua sendo – que será difícil convencer as pessoas a usarem esse tipo de recurso para controlar seus aparelhos em casa; diferente, por exemplo, dos comandos de um automóvel, onde o motorista geralmente é o único que dá as ordens.
Bem, é apenas um palpite. Posso muito bem ser contrariado pelos fatos, e ao que parece é exatamente nisso que estão pensando os principais fabricantes. A própria Samsung anunciou o lançamento do produto no mercado internacional em meados do ano, como já comentamos dias atrás. E agora a Panasonic faz a mesma promessa. A empresa japonesa fechou parceria com a americana Nuance Communications, a mesma que fornece o software para o controle remoto Magic Motion, da LG, também comandado por voz. A próxima linha de TVs Panasonic Viera, que sai no segundo semestre no Japão e na Europa, deverá vir com esse software.
A diferença, segundo a Nuance, é que o Dragon TV (nome do chip) pode ser facilmente adaptado a qualquer idioma, não funciona apenas em inglês, como as demonstrações que temos visto até hoje. Mais do que isso: pode entender frases complexas, como “o que vai passar em determinado canal hoje às 9hs da noite”; ou “encontre filmes de Tom Cruise que estejam sendo exibidos agora”. Pode até se integrar às redes sociais, enviando mensagens ditadas pelo usuário.
Qual é a mágica? O pessoal da Nuance até agora mantém segredo. Continuo curioso para ver na prática. O que aconteceria, por exemplo, quando o dono do TV estiver resfriado e com a voz rouca? Será que até nesse caso o tal software entenderia as ordens? Só mesmo pagando pra ver.
Acho tudo isto muito curioso, as empresas investem rios de dinheiro em funções duvidosas que muitas vezes acabam abandonadas. Em muitos casos não passa de “publicidade” pra chamar a atenção. Eventualmente dá certo, como no caso do Kinect para Xbox, produto que ainda não mostrou pra que serve (pra jogar parece que não) mas rendeu muito dinheiro e publicidade pra Microsoft.
Enquanto isso os recursos já testados e que deveriam ser tratados com cuidado ficam em segundo plano. Inclusive recursos que estão ligados à esta nova “mania” de querer oferecer controle por voz ou gestos. Como fica claro, estes recursos dependem não só de software, mas de serviços que forneçam bancos de dados atualizados. Não adianta você pedir pra TV mostrar uma lista de filmes com o Tom Cruise se esta informação não está atualizada. Quantas vezes vemos na TV por assinatura uma descrição do programa e, de fato, está passando outra coisa sem relação alguma com aquilo.
Estas empresas sequer estão empenhadas em manter serviços atualizados para suas Smart TVs. De que vale ter um app “Premium”, se toda vez que você o acessa encontra as mesmas informações velhas (veja o app da MTV nas TVs LG). Ao reclamar com a empresa esta respondeu que isto é responsabilidade da MTV e não dela (nem sequer prometeram fazer um contato para ver o que ocorre). Muitos apps são criados sem ligação com seus respectivos sites exigindo alguém dedicado à sua atualização que acaba não acontecendo.