Interessante analisar a disputa entre o site de pesquisa de preços Buscapé, provavelmente o maior do Brasil no gênero, e o ReclameAqui, teoricamente um site criado para defender os interesses do consumidor. Segundo a excelente repórter Daniela Moreira, do IDG Now, o Buscapé solicitou que seja retirada a identificação “não recomendado” que aparece junto ao seu logotipo no Reclame Aqui.

Acontece que leitores deste site se queixam de terem sido induzidos a erro em suas decisões de compra baseadas em informações do Buscapé. Teriam sido registradas 188 queixas de consumidores que usaram o serviço de pesquisa e acabaram comprando algum produto influenciados pelo preço mais baixo listado no site. O Buscapé se defende dizendo que não pode ser responsabilizado pelo mau serviço prestado por seus clientes.

A reportagem cita nominalmente três desses clientes: Lojas24h, Eletroshop e Polaris. Elas teriam aplicado golpes em consumidores que chegaram via Buscapé. “Ao apresentar o menor preço, o buscador induz à compra em uma determinada loja”, justifica Mauricio Vargas, do ReclameAqui.

Essa é uma discussão antiga entre especialistas em marketing, mídia e direitos do consumidor. Teoricamente, um veículo (no caso, um site) que anuncia determinado produto é co-responsável pelas vendas do produto, junto com o vendedor, e deve, portanto, responder judicialmente quando for o caso. Isso é o que diz, em linhas gerais, o Código de Defesa do Consumidor. Só que, levando o raciocínio ao pé da letra, uma revista, por exemplo, pode ser co-responsabilizada quando um produto vendido por um de seus anunciantes apresenta defeito, ou não é entregue. Vejam o risco que se corre.

O problema pode perfeitamente ser evitado com mais informação e menos manipulação. Quem compra um produto baseado apenas em preço, convenhamos, merece pagar pelo risco que está correndo. Se o site oferece uma boa variedade de opções, não pode ser punido por uma escolha mal feita de seu leitor.

Faz lembrar a história, já várias vezes contada, do espertinho que comprou um aparelho de seu amigo contrabandista e, quando o produto deu defeito, quis exigir garantia do distribuidor oficial. Ora, é esperteza demais. O Código de Defesa do Consumidor não foi feito para proteger malandros.

De qualquer modo, a simples existência do site ReclameAqui me parece um avanço. Reclamem, senhores, mas façam isso com base em informações corretas e sem querer utilizar a velha Lei de Gerson.

2 thoughts on “Sites de pesquisa sob suspeita

  1. Só pelo fato deles cobrarem pelo anúncio, eles já são responsáveis. Ou estão lá só para ganhar?

  2. Então para que serve site de comparação de preços?
    Quem usa este serviço não está comprando de contrabandista. Agora a responsabilidade é de quem comprou, afinal foram ‘espertinhos’ como deixou no ar o ilustre jornalista.
    Se compara preços para se optar pelo menor é claro.
    Assim é fácil é só receber por qualquer anuncio e nada de se responsabilizar por problemas.

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