capa_estado27_jun.jpgMais um capítulo na disputa entre os grandes grupos de mídia brasileiros. Já vinha sendo comentado nos bastidores há algumas semanas, e agora saiu no Meio&Mensagem: a Globo negocia a compra do Estadão. Seria o maior negócio do setor de comunicação no País, dado o tamanho do Grupo Estado.

De concreto, sabe-se que as negociações realmente existem, mas não apenas com as Organizações Globo (que para fechar o negócio usaria seu braço editorial, a Infoglobo). Também estão na parada a Editora Abril, o grupo mineiro Sempre (dono de vários jornais regionais) e o político/empresário Orestes Quércia (que já foi dono da IstoÉ e teve participação na Carta Capital). O colunista Milton Coelho da Graça, do site Comunique-se, acrescenta à lista ainda o deputado federal Vittorio Medioli, do grupo mineiro Sada, do setor de transportes, e também dos jornais Supernotícias e Tempo, segundo ele atualmente com boa vendagem. Vejam quantos cachorros grandes!

Embora possa ser surpresa para os leitores, a possível venda do Estadão – certamente o jornal mais tradicional do País e aquele que por mais tempo conseguiu manter suas convicções políticas – já era esperada nos bastidores da imprensa paulista. O grupo vive uma crise financeira há pelo menos dez anos, decorrência de disputas na família Mesquita, fundadora do jornal, que há três anos foi afastada do comando. Como depende fundamentalmente de seus veículos jornalísticos (ao contrário de outras empresas do setor, o Estadão não tem negócios paralelos), o grupo está sentindo fortemente a crise do mercado editorial – que, é bom lembrar, não se restringe ao Brasil, é mundial.

A queda nas receitas publicitárias e a concorrência cada vez mais forte da internet (como, aliás, comentei aqui anteontem) só fazem acelerar esse processo. De qualquer forma, a concentração das mídias nas mãos de poucos grupos – também um fenômeno mundial – não é boa para o cidadão comum. Melhor seria se o Estadão se recuperasse pelas próprias pernas e voltasse a ser o grande defensor da democracia que um dia já foi.

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