As notícias que chegam do Vale do Silício não são nada animadoras. Cortes e mais cortes. Há quem já sinta saudades da explosão da bolha da internet, que no início da década mandou por água abaixo milhares de empresas, algumas inclusive grandes, que haviam nascido e até crescido com base em investimentos “futuros”. Quando os investidores se deram conta, haviam enterrado milhões de dólares em falsas promessas.

Agora, a situação se repete – se bem que ainda em escala bem menor. O problema é a crise financeira mundial, que faz os investidores (e também os consumidores) se retraírem. Nos EUA, a tradição reza que para abrir um negócio basta você ir ao banco e pedir um financiamento a longo prazo, e com juros camaradas. Só para citar alguns exemplos, Microsoft, Apple, Dell e Cisco surgiram assim. Essa tradição tem a ver com o famoso espírito empreendedor que está na base do capitalismo. Os americanos se orgulham de ser a “terra das oportunidades”, mas nos dias atuais está difícil manter essa imagem.

No caso específico das empresas de tecnologia, a maioria delas trabalhando com perspectivas de retorno a médio ou longo prazo, o apoio dos investidores é crucial. São geralmente fundos de investimento que decidem apostar num determinado projeto, os chamados start-ups. Nos tempos DC (Depois da Crise), esses fundos querem garantias, em vez de simples promessas. Não basta ter uma boa idéia, mas demonstrar que ela é viável economicamente. Reportagem recente da revista Exame mostra que acabou aquela mania de montar equipes gigantescas para tocar um projeto; é preciso fazer mais (leia-se: trazer mais resultados) com pouca gente, isto é, aumentar a produtividade individual de cada trabalhador envolvido no processo.

Nada diferente do mundo real. O problema é que muita gente da tecnologia parece ignorar o mundo real.

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