Há neste momento uma discussão internacional a respeito da cobrança ou não dos conteúdos distribuídos pela internet. No mundo inteiro, jornais e revistas hesitam em colocar no ar gratuitamente suas versões online – o próprio New York Times, jornal mais influente do mundo, pensa em voltar a cobrar pelo que exibe em seu site e que atualmente é de graça. Quase todos os especialistas vêm se manifestando a respeito, com as opiniões mais radicalmente opostas. Há desde aqueles que defendem a cobrança pura e simples, como o magnata Rupert Murdoch, dono da maior rede multimídia do mundo, até os que querem tudo de graça na rede, como o escritor e jornalista Chris Anderson, autor do célebre livro “A Cauda Longa” e que acaba de lançar uma nova obra chamada “Free” (palavra que tem vários significados, mas cuja tradução no caso seria “Grátis”).

Pois é, Anderson – que após o sucesso de seu primeiro livro tornou-se palestrante dos mais requisitados pelo mundo afora (já esteve duas vezes no Brasil) – argumenta simplesmente que não há alternativa: a oferta de conteúdo pela internet deve ser gratuita, e os fornecedores terão que encontrar outras formas de se sustentarem, sendo a mais natural delas a publicidade online. Seria fácil se fosse tão simples. O novo livro de Anderson está sendo execrado nos EUA porque sua proposta radical vai contra tudo que defendem os donos de conteúdo (jornais, revistas, editoras de livros, estúdios de cinema, produtores musicais). Já houve até quem sugerisse ao escritor que deixasse de cobrar por suas palestras, já que tudo deve ser de graça!

O fato é que ninguém tem a saída para esse conflito. Acho que, embora haja muita gente se aproveitando, a grande vantagem da internet é a praticidade, e não o custo. Como bem diz o jornalista Sidney Basile: “A internet é ótima para vender coisas, mas péssima para formar a credibilidade de alguém”. É isso: tudo que é oferecido de graça tem menos valor, e é menos reconhecido pelo usuário (embora muitos não admitam). O problema é que ele só vai descobrir isso quando ficar sem.

Entre as visões radicais de Murdoch e Anderson, tem que existir uma terceira via. Alguém se arrisca a um palpite?

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