Falando em cartões, não tive tempo de comentar aqui esta notícia – divulgada em novembro – sobre a Blockbuster, a maior rede de videolocadoras do mundo. O desespero parece ter tomado conta dos executivos da empresa, que agora lançam a idéia de alugar filmes não mais em formato de disco, mas… isso mesmo: em cartão. A foto mostra uma das máquinas usadas para isso, desenvolvida pelas empresas NCR e MOD. Ao alugar o filme, pagando US$ 1,99, o cliente leva o cartão e pode ficar com ele – só que o conteúdo é protegido contra cópia e tem prazo de validade; quando vencer, pode-se reutilizar o cartão, mas não mais assistir àquele filme.
A ironia é que até outro dia a Blockbuster sobrevivia da venda e principalmente locação de DVDs, segmento que foi totalmente minado pela internet. Nos EUA, muitas lojas da rede não alugam mais, apenas vendem. Estão sendo engolidas por um fenômeno chamado Redbox, rede de quiosques onde você passa o seu cartão de crédito e escolhe os filmes que quiser, exibidos na prateleira. Vendo um desses quiosques, pensei imediatamente em como seria um negócio desse tipo no Brasil: no dia seguinte, o quiosque estaria violado e provavelmente sem nenhum filme dentro.
Para tentar enfrentar a crise, a Blockbuster passou também a alugar filmes em seu site, tentando correr atrás da Netflix, hoje a rainha dos downloads de filmes no país. É uma luta que já começa perdida, pois a Netflix, além de ter acordos com todos os estúdios, cresceu de tal forma que tornou-se uma das marcas mais valorizadas do mundo. Com tudo isso, a tal idéia de alugar filmes em cartão até que pode diminuir o estrago. Para o cliente, é muito mais prático do que um disco, pois o filme pode ser assistido em qualquer aparelho que possua entrada SD. E, caso não goste do filme, basta esperar vencer o prazo de validade e reutilizar o cartão como backup, por exemplo. Se um cartão de 4GB custa na faixa de 6 dólares, com US$ 1,99 você ganha um (praticamente) novo. Não é um bom negócio?
Não. Não é uma boa idéia. Aliás, a Blockbuster não tem tido nenhuma boa idéia ultimamente.
Caí na besteira de assinar o serviço de entrega deles e me dei mais mal do que bem.
1 – A entrega atrasava ou não vinha direito. Só conseguir ficar algum tempo recebendo as entregas direito porque o rapaz que passou a fazer a entrega morava no meu bairro. Ou seja, no final do dia, quando ele encerrava, passava na minha casa pra deixar os filmes.
2- O contato dos caras é péssimo (via e-mail). Pra ter noção eu cancelei o serviço acabei ficando com 3 dvds deles sem poder entregar porque mandei mil e-mails pra lá pedindo pra pegar e ninguém veio.
3- Hoje em dia – você bem lembrou – não cabe mais entregar disquinho em casa. É muito melhor fazer o download do filme, ou usar video on demand ( como a sky está tentando implantar). Midia não precisa mais ficar acondicionada em meios físicos comprados em loja. Ela pode ser compartilhada enviada e recebida sem dar 2 passos. Mas a Blockbuster prefere ser arcaica.
4 – Só quero acresentar uma coisa a respeito dos quiosques no Brasil: além de sumidos misteriosamente das prateleiras, apareceriam na Uruguaina (Rio) ou na 25 de Março (São Paulo), custando 5 por 1,99.