Já comentei aqui sobre os televisores que estão assumindo funções de computador. São os chamados aplicativos (apps), cada vez mais usados para ampliar os recursos de todos os aparelhos. Foi a Apple quem popularizou essa prática, ao adotar o código aberto (melhor dizer “semi-aberto”) para permitir que desenvolvedores independentes criassem aplicações diferentes para os aparelhos da empresa. Hoje, existem milhares de apps para iPhone e outros milhares para iPad, e a coisa não para mais. Outros fabricantes – como Samsung e Nokia – já criaram suas app stores, onde os usuários podem encontrar uma variada gama de programas e fazer os downloads gratuitamente.
Nos dois eventos que cobri esta semana em Nova York, o assunto foi muito comentado. Aos poucos, a indústria vai chegando à conclusão de que o hardware – a “máquina” – é bem menos importante do que o software – o “cérebro” dos equipamentos. Se formos puxar pela memória, o primeiro cara que disse isso, lá pelo final dos anos 70, foi um tal de Bill Gates; e todo mundo sabe o que aconteceu. “Máquinas” são produzidas aos milhões, todos os dias, principalmente a partir da China, maior fornecedora das grandes corporações de tecnologia. Mas “cérebros” não existem em todo lugar, e sem eles de pouco adiantam as máquinas. Daí por que países como Índia, Rússia, Irlanda e o próprio Brasil têm chance de competir nesse mercado tão avançado. Infelizmente para nós, os cérebros se desenvolvem em boas escolas, e este é um gravíssimo gargalo tupiniquim, que levará décadas para ser corrigido.
Mas, voltando aos aplicativos, li há alguns dias a notícia de que os novos TVs da Samsung estão saindo com acesso direto ao Facebook e ao Google Maps. Não apenas os TVs, mas também Blu-ray players e sistemas integrados de home theater. Nos EUA, os TVs da Samsung já entram direto em sites como Blockbuster, Netflix e até o Twitter – este último deve estar disponível também no Brasil até o final do ano. Depois que abriu sua app store, em janeiro, a empresa coreana viu surgirem milhares de aplicativos, criados a partir de softwares básicos como XML e Java, que aos poucos vão resultando em novos recursos para seus aparelhos. É o que deverão fazer todos os fabricantes daqui para frente.