Começa amanhã em São Paulo a ABTA 2011, principal evento do setor de TV por assinatura, com uma pauta bem variada – embora muitos dos temas em discussão sejam os mesmos do ano passado. Incrível, mas os interesses que envolvem esse segmento do mercado são tão grandes, e tão conflitantes, que parece impossível chegar-se a um consenso sobre o que quer que seja. Além dos problemas inerentes à própria TV paga, o papel assumido nos últimos anos pelas operadoras, que passaram a ser também provedoras de internet, amplia o foco dos conflitos.

Vejam que, ainda na semana passada, a Folha de São Paulo divulgou que um dos aplicativos líderes na loja virtual da Apple é um certo Watch TV HD, que vem a ser justamente a chave para assistir de graça ao conteúdo dos principais canais pagos. Usuários de iPad e computadores Mac vêm baixando freneticamente o software para reproduzir programas da HBO, ESPN, BBC e até do SBT, emissoras que pensam agora o que fazer do ponto de vista jurídico. Quem conhece a velha AZ Box, caixinha pirata vendida até em camelôs que “abre” o sinal das principais operadoras, sabe bem como funciona.

É apenas mais um problema, num mercado que cresce a taxas em torno de 30% ao ano, como demonstram os dados da Anatel. De certa forma, esse crescimento em níveis chineses encobre a falta de unidade entre operadoras, programadoras, emissoras e governo, sem falar dos fabricantes de equipamentos. Todos querem que o setor continue se expandindo, mas ninguém sabe exatamente como? Na programação do Congresso, há temas interessantes, como convergência de serviços (as operadoras oferecendo mais do que apenas canais de televisão), o perfil da “nova classe média digital”, novas tecnologias (como video-on-demand e TV Everywhere, que está abalando o setor nos EUA), o controle dos conteúdos e, é claro, a situação da banda larga, incluindo suas metas de qualidade.

Pelo visto, três dias serão pouco para tanto debate.

2 thoughts on “TV paga, de novo, em discussão

  1. Boa tarde, Orlando. Vejo que há uma hiperfocalização (e justificada, evidentemente, pelo interesse comercial) na questão da TV HD paga por parte de vocês aqui do blog e tb. da revista. Evidente que se trata de questão importante, especialmente do ponto de vista mercadológico. Mas, e a universalização e interiorização da TV digital (é dizer: TV HD aberta)?? Resido num municipio de médio porte do interior do Rio Grande do Sul, inclusive coberto por uma das afilhadas da Globo (são 14, ao todo, no meu estado), e até agora NADA! Não vejo previsões de curto/médio prazo – concretas – nesse sentido… apenas que até 2016 tudo estará coberto (prazo final). Mas, e o cronograma de implantação? Há um tempo atrás, vi que seria na metade de 2011… mas, depois, nada mais. Até agora, nem vestígio de implantação. TV HD aberta, só para as cidades polos, metrópoles e regiões metropolitanas das grandes cidades, geralmente capitais. Acho que deveriam dar uma atenção maior a essa questão, principalmente porque se trata de acesso público e gratuito da tecnologia. Abraço do leitor e assinante… e parabéns pelo excelente blog.

  2. Olá Raul, não se trata de interesse comercial, não. Mais da metade das cartas e emails que recebemos tratam de TV por Assinatura. De qualquer forma, estamos atentos à questão da TV aberta. E, de fato, a prioridade das emissoras é cobrir os grandes centros urbanos. Aí sim é interesse comercial. O interior do país, infelizmente, vai ficar para o final dessa fila. Abs e obrigado pelas palavras. Orlando

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