15 de outubro é também o Dia do Professor. No meu tempo de estudante, era sagrado comemorar a data, como homenagem àquele(a) que dedicava seu tempo e energia a nos ensinar. Hoje, parece, nem se fala no assunto (ou se fala?). Na internet, a única referência que vi foi uma declaração do governador do Ceará, Cid Gomes, às voltas com uma greve dos professores estaduais. Leiam com atenção: “Quem quiser dar aula, faça isso por gosto e não pelo salário. Se quiser ganhar melhor, peça demissão e vá para o ensino privado”.

Recebi a frase por email, e não tenho como checar sua veracidade. Mas é bem típica dos políticos atuais. Professor, para eles, só serve na hora de pedir voto aos pais dos alunos.

Num momento em que tanto se fala em trazer alta tecnologia para o Brasil, esquecer que bons professores são fundamentais para atingir esse objetivo chega a soar patético. Ministros, empresários e a própria presidente alardeiam que o país irá atrair investimentos produtivos, e até acenam com incentivos fiscais, deixando de lado o principal: que o país tenha uma boa base educacional e consiga formar técnicos e cientistas de alto nível. Com o dinheiro que escoa via esses incentivos, essa base não iria demorar muito.

A propósito, sugiro a todos a leitura atenciosa do artigo A Lógica Perversa da Política Industrial. Vale uma boa reflexão.

1 thought on “Dia do Professor

  1. Parabéns pelo ótimo texto, Orlando. Eu, por ser professor, e vir de uma família com muita gente ligada à educação, sei bem o que estás dizendo. Apenas para ilustrar e ficar no campo da tecnologia, questiono: de que forma a Coreia do Sul deu um salto monstruoso nas últimas décadas, passando de um país essencialmente rural, agrícola, produtor de escassas matérias primas, para um país de primeiro mundo, de pujante economia? Eu mesmo respondo: investindo maciçamente em EDUCAÇÃO! Não apenas dinheiro, diga-se de passagem, pois esse não é o único “x” da questão, vez que no Brasil investe-se muito dinheiro. Mas através de políticas públicas sólidas e bem gerenciadas, escolas em tempo integral, com ensino de qualidade, professores prestigiados e bem remunerados (lá professor é respeitado). Enfim, esse é o caminho. Pena que no Brasil a profissão de professor seja tão desprestigiada, em detrimento de outras, de maior “glamour” social. Parece que a cultura é algo inútil, ornamental, supérfluo. O importante hoje é o que eu tenho, não o que eu sou ou o que eu sei. Reflexo dos tempos modernos, ao menos em nosso país. Abraço.

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