Não à tôa, o locutor que vos fala – único sul-americano presente à Conferência Global de Imprensa da IFA 2012 – teve que responder várias vezes sobre o Brasil, motivo da curiosidade geral. Sim, a China chama mais atenção, mas no evento havia dez jornalistas chineses, que podiam se revezar nas conversas. No meu caso, tive de encarar sozinho gente do mundo inteiro – italianos, alemães, noruegueses, belgas, coreanos, búlgaros e até um colega nigeriano e outro que vive na ilha de Malta, embora seja americano. E todos vinham com o mesmo tipo de pergunta: o que está acontecendo com o Brasil?
Não foi fácil responder. Como explicar a um estrangeiro que, apesar de uma população de 200 milhões de habitantes, somente nos últimos quatro ou cinco anos o Brasil começou a ter consumo de gente grande? De olhos arregalados, alguns pareciam não acreditar quando eu dizia que chegamos a ter inflação de 80% ao mês (alguém lembra? Foi no governo Sarney, em 1988 e 1989). Mais ainda quando disse que, no Brasil, um assalariado não recebe seu salário integral, pois o governo confisca boa parte, e seu empregador ainda precisa recolher ao mesmo governo mais um valor calculado com base no salário.
“Seu governo é de direita ou de esquerda?”, me perguntou Angelika, repórter de uma revista austríaca. Apesar de interessada em política, ela disse nunca ter ouvido falar de Lula nem de FHC, muito menos Dilma. Ficou horrorizada quando lhe contei que, no Brasil, os partidos políticos não são de direita nem de esquerda, muito pelo contrário… Sorriu quando um colega dinamarquês lhe falou maravilhas sobre a caipirinha, mas não sei se entendeu quando tentei explicar como Lula chegou ao poder.
Num ponto, todos concordaram: morrem de vontade de conhecer o Brasil, que deve ser um país maravilhoso. Estranhei que ninguém falou de futebol (é, acho que nossos jogadores já não estão mais com a bola toda…). Mas fiquei com a sensação de que todos torcem, sinceramente, para que o velho “gigante adormecido” finalmente acorde e ajude o Primeiro Mundo a sair da enrascada em que se meteu. Pareciam saber que, nesse ponto, não dá para contar com a boa vontade dos chineses.
Melhor brindar à saúde do Brasil, de preferência com uma boa caipirinha.
É,com a carga tributária de 2/5 dos infernos,que tira competitividade da nossa indústria,impede o investimento e causa o sucateamento da mesma,vão esperar sentados que o gigante se erga do seu berço explêndido!