Em meio a tantos escândalos políticos, seria bom se o Brasil tivesse uma figura como Beppe Grillo, que aparece na foto dando uma “banana” para políticos e corruptos em geral. Esse comediante italiano ganhou fama extrapolando seu talento humorístico para se tornar portavoz de uma das correntes políticas que mais crescem por lá atualmente. Seu blog (vejam aqui) é um dos melhores exemplos de como usar a força da internet para questionar os poderes estabelecidos. Os políticos o odeiam, mas a população italiana, desencantada com os Berlusconi da vida, parece cada vez mais animada com Grillo.
Nas eleições da semana passada, o Movimento 5 Estrelas, fundado por ele, conquistou sua primeira vitória eleitoral expressiva: a prefeitura de Parma, uma cidade importante e influente. “Foi uma vitória da democracia sobre o capitalismo. Os cidadãos ganharam sem gastar um centavo para a campanha. É um fato completamente novo”, comentou Grillo, nascido em Gênova e hoje com 64 anos. Entre outras coisas, seu movimento defende a redução dos gastos militares e dos salários dos deputados e senadores. Pede também a saída da Itália da Zona da Euro, juntamente com os demais países em crise. O Movimento ganhou também algumas pequenas prefeituras e prepara-se agora para disputar votos no Parlamento (vejam neste vídeo uma boa parte de suas ideias).
O nome “5 Estrelas” vem dos cinco princípios adotados por Grillo como base conceitual: água, meio ambiente, transporte, crescimento e conectividade. Este último, ignorado pelos políticos tradicionais, acabou atraindo apoio daqueles que normalmente se recusam a votar, entre eles milhões de jovens. Depois de fazer sucesso na RAI, emissora de rádio e TV estatal, Grillo foi censurado e finalmente banido da mídia, de tanto criticar o governo. Sua saída foi partir para a internet, onde se tornou um fenômeno internacional. A revista americana Forbes, por exemplo, escolheu seu blog como o sétimo mais influente do planeta. Em setembro de 2007, foi pela web que Grillo organizou o evento conhecido como “Dia V”, quando cerca de 2 milhões de italianos foram às ruas, em várias cidades, protestando contra a corrupção.
O brilhante jornalista Sergio Augusto, em artigo para o Estadão, contou mais detalhes sobre essa figura, que infelizmente não possui (ainda) um clone brasileiro.