O governo desistiu de comprar briga com as emissoras de TV na questão da transição do padrão analógico para o digital (o chamado switch-off). O novo ministro das Comunicações, André Figueiredo, assumiu o cargo nesta terça-feira reconhecendo que não há alternativa a não ser adiar o cronograma, algo que seu antecessor, Ricardo Berzoini, jamais admitiu. Em tempos de guerra com o Congresso, a ordem no Palácio do Planalto é não criar mais pontos de atrito.

Como se sabe, o plano inicial era encerrar as transmissões analógicas em 2016, prazo depois adiado para 2018. Mas Minicom, Anatel e o Fórum SBTVD vêm empurrando as datas com a barriga há um bom tempo. O calendário previa que, em novembro, os transmissores analógicos seriam desligados na cidade de Rio Verde (Goiás), de 200 mil habitantes, escolhida como piloto do switch-off. Mas os estudos mais recentes indicam que somente 12 mil domicílios na cidade possuem um receptor digital; os demais ficariam sem qualquer sinal a partir do desligamento.

Assim, todo o cronograma terá de ser revisto. Para São Paulo e Rio de Janeiro, o prazo (maio de 2016) também não será cumprido. Na verdade, as emissoras não têm a menor pressa. Muitas afiliadas ainda não conseguiram trocar os transmissores e esperam pela ajuda do governo, só que o ajuste fiscal atropelou os planos de todos. A urgência é das operadoras de celular, que precisam das frequências para implantar as novas redes 4G. Mais exatamente: Claro, Tim, Vivo e Algar pagaram R$ 5,85 bilhões para isso, no leilão do ano passado.

Ninguém sabe agora o que irá acontecer. Certo, mesmo, é que os sinais digitais e analógicos ainda vão conviver por um bom tempo.

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