Na última segunda-feira (07), morreu aos quase 80 anos Douglas Trumbull, o homem que ensinou Hollywood a fazer filmes de ficção científica como nos acostumamos a ver durante décadas. As novas gerações, habituadas às superproduções feitas em sua maioria através de softwares, devem muito a ele. Numa era pré-computador e internet, Trumbull usou sua fertilíssima imaginação para criar cenários fantásticos, responsáveis por boa parte do sucesso nas bilheterias.

Estou falando de obras-primas como 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick; Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), de Steven Spielberg; e Blade Runner (1982), de Ridley Scott. Todos estão no streaming e, ao revê-los hoje, é inacreditável pensar como aqueles cenários e objetos foram produzidos, sem a ajuda de softwares e tudo mais que a tecnologia hoje oferece aos cineastas.

 

 

Trumbull foi ainda responsável pela primeira versão cinematográfica de Jornada nas Estrelas (Star Trek), em 1980. A maioria dos fãs estava acostumada a assistir a série na telinha de TV (vejam um trecho), e, por mais que as tramas prendessem a atenção, nada se compara à concretização, na tela grande, da nave Enterprise – tão detalhada e majestosa que virou referência para a maioria dos filmes e séries do gênero.

 

 

Os incríveis prédios futuristas de Blade Runner, cuja ação se passa em 2019, também saíram da mente privilegiada de Trumbull, talvez o sujeito que melhor soube combinar conhecimentos de cinema, desenho e ciências. Suas maquetes iluminadas – como na foto ao alto – se transformavam, diante das câmeras, em metrópoles assustadoramente atraentes. Foi dele também a ideia, absolutamente visionária para a época, de projetar imagens nos edifícios (como na imagem acima), tecnologia hoje corriqueira.

Trumbull – filho de um mecânico que criou os efeitos de O Mágico de Oz (1939) – herdou do pai o gosto por desenhar e construir objetos. Começou a carreira como desenhista de produção em filmes científicos da NASA, depois foi para Hollywood trabalhar como ilustrador e ali foi descoberto por Kubrick, que o convidou para ser consultor de 2001.

 

O filme (Oscar de efeitos visuais) jamais seria o mesmo sem aqueles cenários que poderiam perfeitamente ser usados em filmes atuais. Acabou revolucionando a arte dos visual effects e influenciando gente como Spielberg e George Lucas; curiosidade: Lucas o convidou para fazer Star Wars, em 1975, mas Trumbull recusou porque tinha compromisso com Spielberg para Contatos Imediatos.

Foi também inventor do sistema de filmagem Showscan (explicado aqui), o primeiro a utilizar filmes de 70mm rodando a 60 quadros por segundo, quando o padrão do cinema era (e continua sendo até hoje) 24qps. O sistema, que torna as imagens mais realistas, serviu de base para a criação do IMAX, utilizado em milhares de cinemas pelo mundo.

Quem for a Los Angeles e visitar o parque temático da Universal poderá experimentar ao vivo outra das grandes criações desse gênio: o passeio no carro futurista de De Volta para o Futuro. Vejam um trailer: dá pra se sentir o próprio Marty McFly voando pelo espaço diante do realismo daquele simulador. Coisa de cinema, literalmente.

Para quem quiser conhecer mais sobre o homem e suas façanhas, este vídeo é uma boa indicação.

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