
Demonstrações, debates, entrevistas, artigos, lançamento de novos produtos… rendeu bastante, como se esperava, o assunto “TV 3.0” durante a SET Expo, realizada em São Paulo, como se pode ver no site oficial do evento. Embora ainda haja muito desconhecimento sobre o impacto do DTV+, o que é natural, eventos como esse servem para formar massa crítica e convencer o mercado de que trata-se de um caminho sem volta, mas repleto de oportunidades. E que, em muitos aspectos, o Brasil está à frente da maioria dos países.
Várias questões foram levantadas, algumas das quais já abordávamos aqui há cerca de um ano. Envolvem a disputa de bastidores para distribuição do espectro de frequências a ser usado pelas emissoras e seus parceiros, além do indispensável financiamento.
Calcula-se entre R$ 9 e R$ 11 bilhões o investimento necessário para a migração completa das redes atuais, o que inclui compra e instalação de transmissores, encoders e decoders; fabricação de conversores, item fundamental para dar início às transmissões; e implantação do sistema de distribuição de sinal, tecnicamente chamado SFN (Single Frequency Network), e dos head-ends, que na prática funcionam como centrais de TV para cada região a ser coberta. Para interessados, este artigo dá muito detalhes.
Onde buscar o dinheiro?
Desde 2020, quando foram feitos os primeiros testes para a TV 3.0 brasileira, sabia-se que haveria necessidade de financiamento público. O consenso veio com a constatação de que o processo da TV Digital, até chegar ao padrão SBTVD que existe hoje, não trouxe ganhos para as emissoras. Ao contrário, muitas delas arcaram com enormes prejuízos devido à concorrência das mídias digitais, que vêm roubando grande parte das receitas publicitárias.
Partindo do princípio – que está na Constituição – de que a TV aberta deve ser gratuita e universal, com cobertura em todo o território, está claro que a conta só será paga com a exploração publicitária do DTV+. Desta vez, tudo foi pensado já no domínio digital e levando em conta a combinação entre broadcast (TV aberta) e broadband (internet e streaming). Será, sim, uma revolução na forma de produzir, transmitir e receber conteúdo audiovisual, e também na maneira de utilizar a publicidade.
Mas o primeiro passo precisa ser dado pelo governo, com seu banco de fomento, o BNDES. Desde a última 3a feira, quando o presidente Lula assinou o decreto do novo padrão, começou uma série de reuniões entre emissoras e Ministério das Comunicações para detalhar o esquema de financiamento (vejam este link). Há também a ideia de buscar financiamento externo, através do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e do FUST (vejam aqui), mas isso exigirá longas negociações que provavelmente irão além de 2026.
Seja como for, já vimos na SET Expo vários exemplos de soluções que estão prontas para o DTV+ (aqui, uma delas), incluindo fornecedores brasileiros que terão de ser contratados pelas emissoras e suas afiliadas. O trabalho do grupo Seja Digital, por exemplo, com certeza será útil nesse processo, pois ali estão especialistas de várias universidades que estudam o assunto pelo menos desde 2014.

Produzo vídeos musicais e estamos com tudo pronto para gerar conteúdos que exploram TODOS os recursos (multi ângulo de câmeras, som estéreo de alta qualidade, som surround 5.1, entre outros) da DTV+, desde broadcast, até broadband, tanto em VOD, como em NRT).
Orlando, satisfação.
Em outro comentário questionei o tamano do investimento, agora já temos uma projeção de R$ 9 a R$ 11 bilhões, acrescento que estamos no inicio da implementação da reforma tributária em 2026, conforme LC 214/2025, que tem o objetivo de simplificar o sistema tributário nacional, não trata-se só de uma reforma de tributos, vai impactar o regime tributário, econômico financeiro, que envolvem fluxo de caixa, margens de preços, capital de giro, lembrando que os investimentos precisam serem feitos, levando em consideração um bom planejamento econômico financeiro e tributário. Esse planejamento precisa ser monitorado e refeito no período de 2026 a 2032, onde vamos conviver com dois regimes tributário em nosso país, únificando em 2033, que passa a ser só CBS e IBS, o IVA DUAL.
Valeu, Dinaldo. Bem lembrado. Na verdade, esses valores são muito especulativos. Ninguém tem ideia precisa de quanto será, até porque estamos num momento de incertezas políticas e econômicas, tendo em vista o calendário eleitoral e as alucinações do governo Trump. Vamos ficar atentos. Abs
Estou apostando que a tv 3.0 nao vai pegar, a exemplo de paises como EUA e Inglaterra (esta ultima ja tem ate data para desligar o sistema de tv transmitido pelo ar). O interesse é apenas de emissoras como a Globo, o grande publico simplesmente nao tem interesse no que seriam os supostos atrativos da tv 3.0, e quem ainda assiste tv aberta é mais pobre, nem tem dinheiro para ficar trocando de tv apenas por causa disso.
Os incentivos sao quase nenhum. Imagem 4K quase ninguem percebe qualquer melhora assistindo em uma tela menor que 60″ em distancia normal (so se chegar perto da tela), o audio pouca gente tem dinheiro para comprar equipamentos de qualidade para ouvir a diferença, e por aí vai. Tem tudo para flopar.
Se deixar o mercado escolher, nao vai pegar. Mas como isso aqui é Brasil, um país rico (/ironia), é bem capaz do nosso desgoverno OBRIGAR as emissoras a migrar para esse modelo, bem como obrigar os fabricantes a embutir os receptores e assim por diante… E a gente entao vai ter que pagar essa conta, mesmo nao querendo bancar nada disso.