Tenho lido com entusiasmo as análises do pesquisador Cezar Taurion, tanto no YouTube quanto no LinkedIn e em eventos diversos. Ex-executivo da IBM, Taurion já escreveu vários livros sobre os impactos da tecnologia na sociedade, além de ser professor na PUCRS. É um dos poucos especialistas que não se deslumbraram com a IA, o que, por si só, já o torna obrigatório para quem tenta entender que mundo é esse e para onde está nos levando.

Nos últimos meses, por exemplo, vêm aumentando os temores sobre uma possível “bolha da IA”, algo parecido com a virada do século 20 para 21, quando a quebra de expectativas com a internet fez muita empresa desaparecer e investidores perderem muito dinheiro. E o prof. Taurion tem participado ativamente dessas discussões (aqui, um exemplo do começo do ano).

A principal notícia tecnológica da semana passada foi que a NVIDIA, fabricante americana de chips, alcançou a incrível avaliação de US$ 5 trilhões de valor de mercado. Fui um dos muitos que levaram um susto ao ver esse número e, tentando encontrar dados que o explicassem, percebi que pode muito bem ser apenas hype, como se diz no setor. Parece mais um “retrato do futuro”, ou seja, fruto de especulação sobre quanto os investidores imaginam que a empresa irá gerar de lucros.

 

Valendo mais do que Apple e Microsoft

Levantamento que obtive no ChatGPT mostra que, em apenas 16 meses (Jun/24 a Out/25), a NVIDIA saltou de US$ 1 trilhão para US$ 5 trilhões – uma valorização de 400%. É um ritmo absurdo, considerando que a Apple levou mais de três anos para passar de 1 a 3 trilhões; e a Microsoft demorou quatro anos para triplicar seu valor de mercado. Ou seja, em pouco mais de um ano a NVIDIA subiu mais do que as duas maiores empresas do mundo!

Embora a NVIDIA seja há anos um grande sucesso, e venha se destacando na produção de chips para aplicações de IA Generativa, cuja demanda explodiu nos últimos três anos, podemos, sim, estar diante de uma super bolha. Qualquer crise em setores como logística ou regulação que venha a afetar a empresa, além dos atuais problemas geopolíticos que podem atingir qualquer corporação ou qualquer país (sem contar o “fator China”), poderá provocar perdas de bilhões…

Pior ainda é o cenário revelado pelo prof. Taurion no artigo em que analisou a situação da NVIDIA. Segundo ele, estamos diante da maior concentração de riquezas da História. O S&P 500 – índice de ações que reúne as 500 maiores empresas de capital aberto dos EUA, listadas principalmente nas bolsas NYSE e NASDAQ – indica que as 10 ações mais altas representam hoje nada menos do que 39% do total (aqui, o artigo na íntegra).

Um ambiente típico de bolha!

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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