E por falar em banda larga, achei exemplar a resposta do presidente da Telebrás, Rogerio Santanna, ao ser questionado sobre o fato das operadoras entrarem na Justiça contra a estatal, conforme relatamos aqui na semana passada. Do alto de seus poderes momentâneos, Santanna saiu-se com esta: “As teles gastam mais com advogados do que com engenheiros”.

Se foi uma piada, não sei. Mas o fato é que as empresas brasileiras – e não apenas as telecom – gastam muito mais com advogados, especialmente tributaristas, do que com técnicos em geral. Santanna provavelmente não sabe, porque nunca dirigiu uma empresa fora do governo. Mas essa é a dura vida de quem se mete a empreendedor neste país. Pior ainda é quando, além de pagar advogados, a empresa se vê na contingência de ter de remunerar burocratas, cujo lema é parecido com o daquele velho personagem de Chico Anysio: “Eu quero é me arrumar”.

Está cada vez mais claro que essa briga entre governo e teles ainda vai longe. Tem a ver com o falso dilema estatização x privatização, que procuro esmiuçar neste artigo. Não estou aqui para defender as teles, cujos erros apontamos freqüentemente. Mas a última coisa de que precisamos hoje, nesse setor, é de piadas de mau gosto.

Orlando Barrozo é jornalista especializado em tecnologia desde 1982. Foi editor de publicações como VIDEO NEWS e AUDIO NEWS, além de colunista do JORNAL DA TARDE (SP). Fundou as revistas VER VIDEO, SPOT, AUDITÓRIO&CIA, BUSINESS TECH e AUDIO PLUS. Atualmente, dirige o site HT & CASA DIGITAL. Gosta também de dar seus palpites em assuntos como política, economia, esportes e artes em geral.

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