Outro dia, na Campus Party, a ministra Dilma Roussef comentou que a campanha eleitoral deste ano terá que ser disputada também na internet. Como se sabe, o PT contratou, a peso de ouro, o coordenador da campanha presidencial de Barack Obama para fazer o mesmo trabalho com Dilma (Obama usou de forma magistral as mídias online e isso foi fundamental na sua vitória). Agora, descobrimos que o pessoal do governo está aprendendo rápido. O site Convergência Digital revela detalhes da reunião promovida pelo presidente Lula, ontem, com representantes de entidades ligadas ao setor de telecom, para discutir o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). Detalhes que vazaram graças ao Twitter: um dos participantes, devidamente autorizado, postou textos e fotos do encontro, que assim tornou-se público.
Talvez fosse exatamente o que queriam os defensores do Plano. Entre outras coisas, Lula disse que vai mesmo reativar a Telebrás para comandar o setor de banda larga e que o governo já reconquistou a Eletronet, estatal falida e desativada desde os tempos pré-privatização. No próximo dia 10, deve acontecer o anúncio oficial do PNBL, que já comentamos aqui algumas vezes. Com o, digamos, vazamento autorizado, Lula deixa claro que não deu bola para o projeto apresentado pelo Ministério das Comunicações, em parceria com as operadoras, no qual mal se falava em Telebrás.
Mas nem tudo é tão simples. Por causa do vazamento, as ações da Telebrás dispararam nesta quarta-feira, com valorização superior a 20%, o que levantou suspeitas na CVM, órgão encarregado de fiscalizar o mercado de ações. Se for constatado que alguém se beneficiou do vazamento (exemplo: alguém que comprou muitas ações da empresa nos últimos dias), isso pode dar processo.
Em tempo: o autor do vazamento é Marcelo Branco, representante da Associação Software Livre.org, uma ONG que já recebeu milhões do governo Lula. Será mais uma mera coincidência?
Acho que não há coincidencia nenhuma, como tudo neste governo é previamente orquestrado. A questão é saber de quanto foi o lucro, pois não há sentido em reativar uma estatal para gerenciar algo, para a qual já existe uma controladora, ou será que a ANATEL virou uma mera coadjuvante nas telecomunicações