Quem tem menos de 40 anos não faz idéia do que é estar em Abbey Road. Tivemos nesta manhã, aqui em Londres, um verdadeiro ritual, preparado pelo pessoal da B&W, com a atenciosa colaboração dos funcionários do estúdio mais famoso do mundo. Visitamos sala por sala, guiados por Jim, o simpático engenheiro que é responsável pela manutenção dos equipamentos.

Um pouco de história. Abbey Road (o estúdio, não a rua), foi fundado no início do século passado, e já nos anos 30 atendeu grandes músicos. Depois de comprado pela EMI, tornou-se palco de históricas gravações de música erudita. Com os Beatles, nos anos 60, ganhou outro status. O rigor técnico e a criatividade dos rapazes de Liverpool exigia um estúdio perfeito, completo. Sob a direção musical do produtor George Martin, Abbey Road foi o cenário para quase todos os discos do quarteto, inclusive o último – que, simbolicamente, homenageia o estúdio em seu próprio título.

Depois dos Beatles, Abbey Road (veja o link) passou a ser procurado por todo tipo de artista, do Pink Floyd (que ali fez seus clássicos “Dark Side of the Moon” e “Wish You Were Here”) à Filarmônica de Berlim. O estúdio virou ícone da música. Percorrer suas salas e corredores equivale a uma viagem no tempo, para quem acompanhou a evolução da música nos últimos 40 anos. Nas paredes, fotos de estrelas que por ali passaram, como Ella Fitzgerald, Herbert Von Karajan e Mick Jagger. Pelos cantos, velhos equipamentos fora de uso, mas que fazem parte da História musical do nosso tempo.

Jim nos apresenta o piano Hammond em que Paul McCartney executou os acordes de, por exemplo, ´The Fool on the Hill´; o gravador de rolo em que foram registradas milhares de horas da melhor música que alguém já produziu (os arquivos de Abbey Road guardam mais de 1 milhão de horas gravadas); os microfones usados na gravação do álbum “Abbey Road”, em 1969; e a mesa de controle em que já sentaram Bono Vox, Roger Waters e Freddie Mercury, entre tantos outros.

O momento mais sublime da visita foi quando Jim resolveu nos mostrar um vídeo muito especial, cujo áudio foi mixado ali: ´Imagine´, de John Lennon, que faz parte do DVD “Lennon Legend”, já lançado no Brasil. Vimos hoje a fita master dessa gravação, em que John e Yoko passeiam pelo Central Park ao som de pássaros. A mixagem em surround me fez sentir como se os pássaros estivessem ali, dentro da sala, e Lennon cantando sua canção mais famosa foi de arrepiar.

Os mais jovens talvez não entendam, mas naquele momento, vendo as imagens de John e ouvindo sua voz, passou pela cabeça um filme antigo da minha juventude. Não foi fácil segurar as lágrimas. Afinal, eu estava no “templo”. Melhor do que isso, só se os Beatles se materializassem ali, em pessoa, com toda a sua magia. Isso, porém, só numa outra vida.

Nos próximos dias, vamos disponibilizar fotos e vídeos desse passeio por Abbey Road no site www.hometheater.com.br. Fiquem ligados. Por hoje, ter visitado Abbey Road basta.

Na primeira foto, o muro do jardim, nos fundos da casa onde funcionam os estúdios Abbey Road. Quem tiver boa memória vai lembrar: é o mesmo muro que aparece na contracapa do disco. Está bem mais envelhecido – afinal, lá se foram 39 anos – mas é o próprio; os seguranças não me deixaram tirar uma foto mais próxima, por isso ficaram as plantas na frente, encobrindo o muro; na segunda, a famosa rua, com a passagem de pedestres, em frente à casa, que foi a capa. Esta última, quase todo turista que vem a Londres tem; mas a outra é exclusivíssima!!!

Para quem quiser comparar, eis as fotos originais:

3 thoughts on “No templo sagrado dos Beatles

  1. Orlando,

    Primeiro quero dizer que sou o pai do Roberto (Alta Fidelidade)que está tendo oportunidade de conhecer este “templo” como você muito bem colocou e descreveu, e porque não dizer também “sagrado”. É importante falar que eu vivi a era dos Beatles, já que estou com mais de 60. Quando estive em Londres não tive oportunidade de conhecer, mas meu filho saberá aproveitar esta visita. Quem sabe, já que ainda estão nos meus planos de retornar a Londres e vá até aí. Uma das coisas boas da vida são as viagens, as comidas, os vinhos e depois as lembranças dos momentos agradaveis que passamos conhecendo um pouco da história de pessoas, dos países etc. Uma boa viagem e até a volta. Um abraço Roberto Pereira

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *