A Samsung conseguiu uma vitória, pelo menos parcial, em sua já histórica disputa contra a Apple. No início do mês, um tribunal da Alemanha atendeu pedido da empresa americana e proibiu a venda de tablets Samsung em vários países europeus, sob alegação de “roubo de patentes”. Na semana passada, a empresa coreana conseguiu liminar suspendendo a decisão e reiniciou as vendas no continente. Essa disputa é simbólica, porque envolve o único produto que, no momento, é capaz de roubar mercado do iPad – várias publicações especializadas já afirmaram isso a respeito do Galaxy Tab, tablet lançado pela Samsung no final do ano passado; por sinal, uma nova versão do aparelho está chegando ao Brasil este mês – leia aqui.

Na verdade, a briga entre as duas empresas já vem de alguns anos. O próprio Steve Jobs chegou a afirmar que a Samsung havia copiado o design do iPhone e mandou seus advogados processarem a concorrente por quebra de patentes; por sua vez, a Samsung acionou a Apple com a mesma alegação (a decisão final ainda não saiu). Curioso é que a Apple vem a ser um dos clientes da própria Samsung, que fornece componentes às montadoras chinesas de seus produtos.

Mas um fato recente pode causar uma reviravolta nesse imbroglio. A compra da Motorola Mobility pela Google, anunciada na semana passada, talvez tenha o poder de colocar as duas velhas inimigas do mesmo lado. Explica-se: a Samsung é, por enquanto, a maior divulgadora do sistema operacional Android, da Google, usado em seus smartphones e tablets. Com a união entre Microsoft e Nokia, que passa agora a usar o Windows Phone, a Samsung fica sendo líder mundial em dispositivos com Android – o que não é pouco. Só que, ao comprar a Motorola, a Google vira concorrente, e não mais aliada.

Não deve ter sido por outro motivo que, na semana passada, o chairman do grupo Samsung, Lee Kun-Hee, reuniu seus executivos em Seul para baixar uma ordem expressa: investir em software. Segundo o jornal coreano Joongang Daily, a orientação de mr. Lee é reforçar a posição do grupo na área de programas e aplicativos, ainda que para isso seja necessário comprar outras empresas. “Temos que fortalecer nossa competitividade, garantir melhores recursos humanos e procurar aquisições e fusões”, disse ele, segundo fontes do jornal. “Devemos prestar atenção ao fato de que o poder na área de T.I. está mudando, das empresas de hardware (como a Samsung) para as de software”.

Não citou o Google, mas nem precisava. A reunião aconteceu um dia depois do anúncio da Googlerola. De qualquer modo, são sábias palavras – embora talvez um pouco tardias. Há anos a Apple já provou que, para conquistar o mundo, é preciso saber unir hardware e software. Ah! Sim, e com muita atenção ao design.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *