Comentei aqui na semana passada sobre as queixas contra a Sharp, vindas de inúmeros leitores, e vejam que interessante: neste fim de semana, o novo presidente da Sharp Corporation, Takashi Okuda, admitiu em entrevistas que o grupo vem errando nos últimos anos. Okuda foi nomeado para substituir Mikio Takayama, que conduziu o grupo em meio às seguidas crises e, pelo visto, não conseguiu satisfazer os acionistas (na verdade, Katayama passa a presidir o Conselho do grupo, no lugar de Katsuhiko Machida, que se tornará apenas “consultor”). Claro que a mudança nada tem a ver com os problemas no Brasil, mas não deixa de ser uma sintomática coincidência.

“Mesmo tendo tecnologia para criar bons produtos, não conseguimos lançá-los na hora certa, porque não tivemos uma boa compreensão do mercado”, disse o novo CEO, sem dar maiores detalhes. “Vamos ter que mudar nosso modelo de negócio”, acrescentou, assumindo o compromisso de “unir a companhia”, em meio ao furacão das contas. Nos nove meses encerrados em dezembro último, a Sharp viu cair em 86% sua receita operacional; o lucro previsto de US$ 85 milhões se transformou em prejuízo de US$ 2,5 bilhões.

Quanto estive no Japão, em 2008, uma das coisas que mais me impressionaram foram as instalações da Sharp, que acabava de inaugurar a fábrica de painéis LCD mais moderna do mundo, na qual investiu cerca de US$ 5 bilhões (vejam detalhes aqui). Entre 2002 e 2007, o grupo liderou o mercado japonês de TVs e o mercado mundial de LCDs. A partir de 2009, parece que tudo foi desmoronando… O único consolo, se é que cabe essa palavra, é que Panasonic e Sony, seus dois maiores rivais, também vêm experimentando tempos duríssimos.

Realmente, Okuda-san tem nas mãos um enorme desafio. Aliás, como quase todos os japoneses.

1 thought on “Sharp: Mea maxima culpa

  1. Também,é natural que com politicas de vendas como a da Panasoic,que preferiu vender sua linha de plasmas V30 pela metade do preço para os EUA ao invés de vender pelo dobro aqui para nós,tem mesmo “que pastar”…

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