O trabalhador brasileiro produz muito menos, em média, do que seus colegas dos outros países emergentes – diz um relatório da consultoria americana Conference Board, publicado na semana passada pela Folha de São Paulo. Incrível, mas no quesito produtividade perdemos até para os hermanos e sua interminável crise: um trabalhador argentino produz duas vezes mais que um brasuca. Se os termos de comparação forem elevados, então, é goleada: três vezes mais na Coreia do Sul e cinco vezes mais nos EUA.

Curioso é que, quando se comparam os salários, ninguém aqui pode reclamar. Pelo menos, não aqueles que trabalham na indústria: entre 2002 e 2008, o aumento médio aqui foi de 174%, enquanto na China foi de 133%. E os chineses, claro, batem qualquer um em termos de produtividade, embora dificilmente algum brasileiro vá querer as condições de trabalho que eles têm lá (nem teria cabimento). Entre 114 países pesquisados, o Brasil ficou em 68o. lugar em produtividade, que é calculada dividindo o PIB pelo número de pessoas atuando no mercado.

Será que a culpa é dos trabalhadores? Evidente que não. Especialistas consultados pela Folha listam motivos como a falta de inovação, de investimento em tecnologia e o baixo nível do ensino. Poderíamos acrescentar a burocracia e o excesso de tributos, que barram muitas tentativas de inovar, incluindo aí cursos de aprimoramento técnico. E não se pode esquecer do paternalismo que comanda as ações do governo e dos políticos em geral, principalmente os sindicatos. Estes, em vez de lutarem para que o trabalhador se aperfeiçoe e se valorize melhorando seu desempenho, preferem brigar apenas por salários mais altos, dos quais boa parte é confiscada para essas entidades sem que o próprio trabalhador seja consultado.

Falar em produtividade num ambiente assim chega a ser heresia. A verdade, jogada assim na nossa cara, é mesmo dura de aceitar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *